Conhecido por participar de vídeos do canal Porta dos Fundos, Luis Lobianco está sendo criticado pela peça que encena em Belo Horizonte (MG). Gisberta conta a história de uma transexual brasileira que foi assassinada em Portugal em 2006. Luis protagoniza a peça e, por isso, foi alvo de reclamações.
O Movimento Nacional de Artistas Trans e o Coletivo T são dois dos que se manifestaram na internet. Na abertura da temporada do espetáculo, que ocorreu no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, também houve protestos, mas presenciais. A queixa é pela falta de representatividade no cenário artístico.
— Lutamos pela humanização dos nossos corpos e identidades e pela naturalização das nossas presenças nos mais diversos espaços da sociedade — diz manifesto escrito pela atriz e travesti Renata Carvalho, com o grupo do qual faz parte, o Coletivo T. O posicionamento do coletivo foi divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Luis afirmou em post no Facebook que foi contatado por outro coletivo também: — Fui contactado por uma representante do grupo Transvest, de BH, com o intuito de dialogar representatividade e empregabilidade. Por que uma peça que fala sobre a marginalidade que a sociedade impõe às pessoas trans não tem nenhum T em sua equipe? Acho a provocação muito pertinente e um ponto de partida para discutirmos a profissionalização dessas pessoas — relata.
No entanto, o ator diz também ter ficado chateado com ataques pessoais e comparações com a prática do blackface: — O que não cabe mesmo é a comparação com o “blackface” por respeito a outros movimentos e à simbologia desta prática. Para todas as outras questões vamos precisar de muito tempo pra entender. O teatro é milenar e esse questionamento só chegou na classe teatral recentemente. Não é uma matemática. Não tem uma resposta só. Vamos ter que fazer muitas peças e conversar muito pra entende.
Luis continua o desabafo:
— Como ator assumidamente gay e realizando trabalhos com LGBTs me senti apto a contar essa história. Por uma questão de escolhas dramatúrgicas, a pesquisa caminhou para que eu não interpretasse a Gisberta como personagem da peça. Para tratar de sua ausência criamos um mosaico de personagens fictícios e reais que observam o seu lugar de fala e nunca o assumem.
O ator finaliza:
— Estou exausto. Questionando se levo adiante futuros projetos com essa temática.