Natalia Mallo, diretora do espetáculo O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, conversou com o trio de apresentadores do Timeline nesta quarta-feira (20), na Rádio Gaúcha. A dramaturga falou sobre a peça, que apresenta Jesus Cristo como uma mulher transexual e sofreu na última segunda-feira uma tentativa de proibição de exibição na Capital. A montagem terá sessões nesta quinta (21) e sexta-feira (22), no Teatro Bruno Kiefer, dentro da programação do 24º POA Em Cena.
Sobre a mudança para um local maior e a decisão judicial em manter as apresentações na cidade, Natalia acredita ser um momento histórico dentro da Justiça brasileira.
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– Acho muito positivo tudo o que aconteceu, apesar disso significar um estresse para gente. E foi um problema, um problema de como a justiça é aplicada no Brasil, de como o preconceito e o fundamentalismo, às vezes, falam mais alto que os direitos humanos, inclusive. Então, a gente fica muito contente com essa sentença. É uma sentença histórica. É um juiz se posicionando contra a transfobia, contra o preconceito, contra o fundamentalismo, então acho que é um motivo para celebração.
A diretora ainda explicou que a peça não faz uma brincadeira, tampouco sugere que a personagem represente uma volta de Jesus Cristo como trans.
– É uma peça que faz uma analogia, até nos estudos teológicos chamam isso de hermenêutica, que é você fazer uma releitura desses textos à luz dos problemas atuais, contemporâneos. Se a gente pensa quem foi Jesus no seu tempo histórico, no local geográfico e geopolítico onde nasceu, foi um oprimido, marginalizado, vindo de um povo explorado, à mercê de um império. Então, a gente traz essa analogia e se pergunta quem seria essa identidade. Qual é a parte da sociedade mais estigmatizada, mais marginalizada, mais excluída? São as travestis, quanto isso não há duvida.
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