O tema não pode ser mais atual. Diante de uma sociedade que corre desesperada contra o tempo para retardar ao máximo seu envelhecimento, Elizabeth Savala, 62 anos, convida a rir e pensar no monólogo A.M.A.D.A.S – Associação de Mulheres Que Acordam Despencadas.
Pela primeira vez, na Capital, no Theatro São Pedro, neste sábado (20) e domingo (21), a comédia aborda os conflitos da meia-idade a partir de Regina Antonia, uma mulher de 48 anos que se vê entre o ciclo natural da vida e a cobrança desmedida pela juventude e aparência.
Mas a atriz conta que nunca viveu esta corrida tresloucada contra o tempo. E revela, em entrevista por telefone, por que A.M.A.D.A.S cai como uma luva também para os homens.
Aqui Entre Nós – O assunto é mais atual do que nunca.
Elizabeth Savala – A peça fala sobre envelhecer. A personagem tem 48 anos, percebe que "as coisas" caíram e faz o público refletir como reagiria a isto. Há mulheres e homens que, simplesmente, deixam o tempo passar, há aqueles que se revoltam, tentam ir contra o tempo com muita ginástica, preenchimentos, botox... Mas a peça é bem-humorada, não traz um estudo sociológico a respeito.
Aqui – Mas toca fundo muita gente. Como a plateia reage?
Elizabeth – Ri o tempo inteiro. É uma grande comédia. Acho que as pessoas riem delas mesmas. Isto é maravilhoso! Não dá pra levar tudo muito a sério, né? A peça está entrando no seu quinto ano, foi apresentada em várias praças, pelo Brasil. Este texto, independentemente do nível social e econômico, atinge todo mundo. Envelhecer faz parte do ser humano. Antes, com 30 anos, o homem já era velho. Mas o Brasil sempre valorizou muito a juventude, a beleza. E nós não estamos preparados para envelhecer.
Aqui – E, aí, sofremos.
Elizabeth – A beleza está em cada fase da vida, que tem seus dissabores também. Quando você é adolescente, se sair uma espinha, vira o fim do mundo! Quando passa a fase, ficamos mais descolados.
Aqui – Você transitou bem por essas passagens de tempo até a maturidade?Elizabeth – Com 20 anos, eu me achava horrorosa. Agora, olho e até me acho bonitinha. Aí, vejo: "Meu Deus, como eu era burra e cega!". Mas nunca fui de viver em função de marcas nem de roupas, por exemplo. A minha geração estava mais preocupada em ser do que ter. Acho ridículo pagar R$ 30 mil por uma bolsa. Mas cada um dá valor ao que quiser.
Aqui – Para quem tem uma carreira na televisão, como é envelhecer lidando com a cobrança pelo visual?
Elizabeth – Na minha profissão, desde os meus 20 anos de idade, tenho que estar maquiada às oito da manhã. Eu odeio maquiagem! Rímel, pra mim, só pode ser feito de graxa de sapato (risos). Quando gosto, compro blusas todas iguais, não gosto de nada me apertando, aprecio o conforto. Ao envelhecer, você tem que estar preocupada com a saúde e tem que se gostar.
Aqui – Faz tempo que não se apresenta por aqui?
Elizabeth – Muito! Acho que faz uns dez anos que não vou pra aí. Adoro Porto Alegre, as comidas, o público que gosta de teatro.
Aqui – A peça tem tudo para tocar as gaúchas, que têm fama de serem umas das mais vaidosas do país.
Elizabeth – E devem se cuidar mesmo, porque são muito bonitas, a gaúcha é uma mulher linda! Mas a peça é também para os homens. Com certeza, existe a Associação dos Homens Que Acordam Despencados, porque também cai pra eles, viu?
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O quê: peça A.M.A.D.A.S – Associação de Mulheres Que Acordam Despencadas, com Elizabeth Savala
Quando: neste sábado (20), às 21h, e domingo (21), às 18h
Onde: Theatro São Pedro, Praça Marechal Deodoro, s/n°
Quanto: R$ 60 (galerias), R$ 90 (camarote lateral), R$ 100 (camarote central) e R$ 120 (plateia e cadeiras extras), à venda no local, das 15h até a hora do espetáculo.
Na tevê, na próxima novela da sete, Pega Pega
A atriz estará na próxima novela das sete, Pega Pega, que estreia no dia 6 de junho. Ela será Arlete, mãe de Júlio (Thiago Martins), envolvido no roubo do hotel que movimenta a trama.
Mas, como só entrará mais adiante, Elizabeth não sabe adiantar detalhes do papel.
– Entro no capítulo 60. Só sei que vou ser irmã da Nicette Bruno (Elza na novela) e da Cristina Pereira (Prazeres) – comenta.