O espetáculo que Dan Stulbach protagoniza amanhã e domingo, no Theatro São Pedro, vem de uma inspiração obtida ainda no ano de 1989, quando o ator assistiu a uma apresentação de Dario Fo em São Paulo. Naquela ocasião, o italiano Fo, que viria a receber o prêmio Nobel de literatura em 1997, revelou-se um homem de teatro completo: em Mistero buffo, peça que encantou o jovem Dan, era autor, diretor e ator. Recebia o público na entrada do teatro como se fosse sua casa.
Essa informalidade que aproxima os atores do público e desmistifica o teatro foi resgatada na montagem de Morte acidental de um anarquista – outro texto célebre de Fo – que é um dos destaques do Porto Alegre Em Cena. Nessa produção paulista, Stulbach atua ao lado de Henrique Stroeter, Riba Carlovich, Marcelo Castro, Maíra Chasseraux e Rodrigo Bella Dona. A direção é de Hugo Coelho.
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A comédia mostra a história de um louco que se faz passar por diferentes pessoas e acaba incorporando a figura de um juiz no caso da morte de um anarquista – morte que ocorreu de verdade, em um episódio no qual o dramaturgo se baseou. As autoridades dizem que o anarquista se jogou pela janela, mas a opinião pública suspeita que ele tenha sido jogado. No decorrer da trama, o louco se revela o personagem mais lúcido de todos.
Quem assistir poderá relacionar o espetáculo a episódios da atualidade política brasileira, mas essa possibilidade se deverá mais à universalidade do texto, escrito em 1970, do que a uma intenção da montagem. Stulbach afirma que a peça é política, mas não partidária:
– O texto dialoga com a realidade política de qualquer país, em qualquer época. Nós, brasileiros, estamos em um momento efervescente, essa realidade está aí. Mas o que prevalece é um entendimento da sociedade como um todo, do questionamento do poder e da maneira como a mídia se comporta.
Assim como fez Fo em São Paulo em 1989, o elenco começa se dirigindo ao público para explicar a motivação da montagem. O recurso tem em vista a busca do dramaturgo por um teatro popular, acessível a todos os tipos de público. Stulbach explica que "popular" não quer dizer "popularesco", ou seja, não há uma vulgarização ou simplificação dos sentidos do texto:
– Tentamos ser o menos "cabeça" possível. Eu queria muito fazer uma peça aberta a todas as pessoas, que se preocupasse em não fechar portas. Pelo contrário: recebemos a plateia e contamos de onde veio o espetáculo. A peça é popular no sentido de ser uma farsa, de ser engraçada. Os personagens são feitos da maneira mais popular que conseguimos desenvolver.
MORTE ACIDENTAL DE UM ANARQUISTA
Sábado (17/9), às 21h, e domingo (18/9), às 18h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 80. Desconto de 50% para sócio e acompanhante do Clube do Assinante. Venda antecipada na loja Myticket (Rua Padre Chagas, 327, loja 6) hoje, das 9h às 18h, e amanhã, das 10h às 15h (sem taxa); no site ingressospoaemcena.com.br e no telefone (51) 3030-1500, ramal 512, hoje, das 9h às 18h (com taxa de 20% sobre o total da compra). Se ainda houver ingressos, serão vendidos no teatro, uma hora antes das sessões (pagamento apenas em dinheiro).
Outros destaques do festival
O casal Palavrakis
A Ato Cia. Cênica, de Porto Alegre, foi revelada com O feio, que levou o Açorianos de Teatro de melhor espetáculo de 2012 e ator coadjuvante (Paulo Roberto Farias). O casal Palavrakis, que integra a programação local do Em Cena, é um passo adiante em matéria de experimentação, mostrando um casal atormentado (Farias e Mariana Rosa). Nesta sexta (16/9) e sábado (17/9), às 19h, na Sala Álvaro Moreyra (Erico Verissimo, 307). Ingressos: R$ 30
Em nome do pai
Os espetáculos pernambucanos têm presença garantida no Em Cena, que costuma trazer as novidades da temporada. A peça Em nome do pai leva ao palco a história de um pai (Jorge de Paula) e um filho (Samuel Lira) que se veem na situação de reaprender a se relacionar depois da perda da figura da mãe. O espetáculo combina a direção da pernambucana Cira Ramos e o texto do mineiro Alcione Araújo. Nesta sexta (16/9) e sábado (17/9), às 20h, no Teatro do Sesc Centro (Alberto Bins, 665). Ingressos: R$ 80
WhatsApp para Shakespeare
Em 2016, são lembrados os 400 anos de morte do bardo inglês, data que será marcada por uma homenagem do Canoas Coletivo de Dança. WhatsApp para Shakespeare é uma coreografia inspirada na peça Sonho de uma noite de verão. Os versos do poeta viram breves diálogos que tratam de amor e poder. A direção é de Carlota Albuquerque. Nesta sexta (16/9) e sábado (17/9), às 21h, no Teatro da Santa Casa (Independência, 75). Ingressos: R$ 30