O longa-metragem Marte Um, do diretor Gabriel Martins, foi escolhido para representar o Brasil na disputa por indicação ao Oscar de melhor filme internacional. A decisão foi tomada pela Comissão de Seleção independente da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA) e anunciada nesta segunda-feira (5). A cerimônia da 95ª edição da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ocorrerá em 12 de março do ano que vem.
"A escolha de Marte Um para representar o Brasil no Oscar 2023 foi uma decisão democrática e importante do júri. O filme trata de afeto e de esperança, da possibilidade de seguir sonhando em meio a tantas dificuldades econômicas e políticas. Marte Um sintetiza bem o cinema brasileiro, com qualidade narrativa e técnica, que vem sendo realizado hoje, representando a diversidade do país", disse Bárbara Cariry, presidente da comissão, em nota divulgada à imprensa.
A Comissão de Seleção é presidida por Bárbara Cariry e inclui os membros: André Pellenz, Cavi Borges, David França Mendes, Eduardo Ades, Guilherme Fiúza Zenha, Jeferson De, João Daniel Tikhomiroff, João Federici, José Geraldo Couto, Juliana Sakae, Marcelo Serrado, Maria Ceiça de Paula, Patricia Pillar, Petra Costa, Renata Almeida, Talize Sayegh, Waldemar Dalenogare Neto e Zelito Viana.
Marte Um teve sua estreia mundial no Festival de Sundance, em janeiro deste ano, e chegou aos cinemas brasileiros em 25 de agosto. Produzido pela Filmes de Plástico, em coprodução com o Canal Brasil, o longa foi premiado no Festival de Gramado nas categorias de melhor filme do júri popular, melhor roteiro, melhor trilha musical e levou o prêmio especial do júri.
"O filme foi produzido graças a um fundo público de 2016 voltado para diretores negros e narrativas de temática negra com o intuito de levar às telas cineastas de grupos minoritários. Obviamente, esse fundo não existe mais. Rodamos o longa em outubro de 2018, durante as eleições, o que acabou influenciando também a narrativa. Não tínhamos ideia do que viria depois", contou o produtor Thiago Macêdo Correia, da Filmes de Plástico.
O filme conta a história dos Martins, família negra de classe média baixa, que seguem a vida entre seus compromissos do dia a dia e seus desejos e expectativas, mesmo com a tensão de um governo conservador que acaba de assumir o poder no país. Em meio a esse cotidiano, Tércia cuida da casa enquanto passa por crises de angústia, Wellington quer ver o filho virar jogador de futebol profissional, Eunice tem um novo amor e o pequeno Deivinho sonha em colonizar Marte.