O cineasta Jean-Luc Godard, que faleceu nesta terça-feira (13), aos 91 anos, recorreu ao suicídio assistido, conforme informou um familiar ao jornal francês Libération.
— Ele não estava doente, estava simplesmente exausto. Então, ele tomou a decisão de acabar com isso. Foi sua decisão e era importante para ele que ela fosse conhecida — disse a fonte, que teve a declaração confirmada por outro familiar à publicação.
O suicídio assistido é legal na Suíça, onde Godard vivia. O procedimento ocorre quando um paciente escolhe morrer, mesmo sem diagnóstico terminal ou incurável, e recebe a prescrição de um medicamento que possibilita a morte e que ele mesmo toma.
O cineasta já havia explicado em uma entrevista que poderia recorrer ao suicídio assistido:
— Não estou ansioso de perseguir a qualquer preço. Se estiver doente demais, não tenho vontade alguma de ficar sendo arrastado em um carrinho de mão — disse em 2014.
A família não se manifestou oficialmente sobre o assunto. Mais cedo, em um comunicado, Anne-Marie Miéville, mulher de Godard, afirmou que o cineasta "morreu pacificamente em casa, cercado por entes queridos".
Conforme a nota, o francês será cremado. "Não haverá nenhuma cerimônia", informa o texto.
Carreira
Godard estava entre os diretores mais aclamados do mundo, conhecido por clássicos como Acossado (1960) e O Desprezo (1963), que ultrapassaram os limites cinematográficos e inspiraram diretores décadas após seu auge.
Considerado o pioneiro da Nouvelle Vague, a "nova onda" do cinema na França nos anos 1960, Godard realizou mais de 40 longas-metragens ao longo de 70 anos de carreira, além de curtas-metragens, documentários experimentais, ensaios cinematográficos e vídeos de música.
Em 1987, o cineasta recebeu um César honorário pelo conjunto de sua carreira. Em 2010, foi a vez de receber um Oscar honorário por sua obra. E o Festival de Cannes também concedeu uma Palma de Ouro especial em 2018.