O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, determinou que o filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola seja removido dos catálogos das plataformas de streaming no Brasil. Em postagem nas redes sociais nesta terça (15), o ministro Anderson Torres informou que o não cumprimento da determinação resulta em multa diária de R$ 50 mil.
Nos últimos dias, a produção de 2017, que é baseada em um livro de Danilo Gentili, tem sido acusada por políticos bolsonaristas de fazer apologia à pedofilia. O motivo é uma cena em que o personagem de Fábio Porchat, o vilão pedófilo Cristiano, pede para ser masturbado por dois adolescentes, interpretados pelos atores Bruno Munhoz e Daniel Pimentel.
A sequência em questão viralizou recentemente nas redes sociais e gerou cobranças de posicionamento da Netflix e pedidos para que a plataforma tirasse a obra do catálogo. Entre as figuras públicas que se manifestaram, estão a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), o deputado estadual André Fernandes (Republicanos-CE) e o vereador de Niterói Douglas Gomes (PTC-RJ).
Na segunda (14), Torres se manifestou sobre a situação, informando ter pedido a "vários setores" que tomassem "providências cabíveis" contra a obra devido ao que ele descreveu como "detalhes asquerosos".
Gentili se manifestou no Twitter. "O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista. Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento vieram forte contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo", escreveu.
Já Porchat, em texto enviado ao jornal O Globo nesta segunda (14), frisou que a obra é uma ficção: "Quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional Cidade de Deus? Ou tráfico de crianças em Central do Brasil? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha".
O Guia Prático de Classificação Indicativa, referência da indústria audiovisual brasileira cuja quarta edição foi publicada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em 2021, prevê que "conteúdos em que um personagem se beneficia da prostituição de outro" ou nos quais há indução ou atração "de alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual" não são recomendados para menores de 14 anos. Essa é justamente a classificação indicativa de Como se Tornar o Pior Aluno da Escola.