As terras da Irlanda e do Reino Unido estão conectadas ao documentário brasileiro Mr. Dreamer (2021), disponível no Globoplay e no NOW. É em Dublin, a capital irlandesa, que começa a jornada empreendida por Pedro Sirotsky para refletir sobre questões como: qual é o papel da música das nossas vidas? Qual é o papel dos sonhos no mundo? O que seria do mundo sem a música? O que seria das nossas vidas sem os sonhos?
E foi em Edimburgo, a capital da Escócia, que o filme dirigido por Flavia Moraes e escrito por Marcelo Ferla conquistou seu primeiro prêmio em festivais: o de melhor edição, assinada por Laura Brum, no Close-Up Edinburgh Docufest.
— O prêmio de edição é o resultado de todo esforço de uma equipe, que vai desde o roteiro, a direção e a fotografia até a finalização — diz Laura, gaúcha nascida há 42 anos em Santiago.
— Estou muito feliz, é uma baita notícia: um documentário brasileiro ganhando prêmio no Exterior — vibra Pedro, 65 anos, produtor e personagem principal do filme. — Reconhecimento sempre é bom. Dá visibilidade ao filme, e justo quando estamos tentando exibi-lo em plataformas internacionais de streaming, e nos dá um gás para continuar fazendo.
— Em novembro, participamos do AFM (American Film Market), uma das principais vitrines de comercialização de conteúdo e networking — informa a diretora Flavia Moraes.
Dedicado a produções independentes, o festival é organizado por um coletivo de cineastas com sede em Copenhague, na Dinamarca. Foi lançado em 2019 e na semana passada, nos dias 16 e 17 de dezembro, realizou uma edição dupla 2020/2021 — afinal, a pandemia parou praticamente tudo no ano anterior.
O coronavírus também interferiu em Mr. Dreamer. O projeto nasceu para ser uma série, com cada episódio em um país. Com a experiência de quem aos 17 anos deu início a uma trajetória dedicada ao rock e ao pop no rádio e na TV — apresentou o programa Transasom na então TV Gaúcha, de 1974 a 1979, e participou da criação da Rede Atlântida FM, do selo RBS Discos e da rádio Itapema FM —, Pedro Sirotsky queria encontrar e revelar ao mundo os jovens músicos do presente. Em Dublin, conheceu estudantes e jovens artistas de rua como Ari Noir, que disse: "Existe o mundano e existe a música. É transcendental". Ou Ciáran Darce: "A grande virtude da música é o espectro sobre diferentes emoções. Tem música para quando você está bravo, para quando está triste, para quando está feliz". Ou ainda Conor McQuaid: "A música te permite contatar seus sentimentos". E Alan McKee, logo apelidado de Guru pelo brasileiro: "Eu não quero ser famoso só por ser famoso, eu quero causar um impacto positivo".
Alan divide com Pedro o protagonismo de Mr. Dreamer. O convívio dos dois ilustra o contraste de gerações, primeiro de forma divertida, depois com contornos dramáticos a partir do momento em que a covid-19 interrompe sonhos e vidas.
— A pandemia mexeu com todo o projeto — lembra Laura Brum. — Não tínhamos como fugir. Estão impressas naquelas imagens e naqueles diálogos as emoções que estávamos vivendo, individual e também coletivamente.
A virada na trama confere mais universalidade e urgência ao documentário. A viagem agora é outra, como diz Pedro em uma narração:
- Olhar para dentro se tornou o destino mais procurado no mundo. Você consegue se enxergar?