Atenção: spoilers de Ghostbusters: Mais Além abaixo. Para evitá-los, role até a lista!
Chegou aos cinemas nesta quinta-feira (18) o novo capítulo da franquia Os Caça-Fantasmas. E, Ghostbusters: Mais Além apresenta uma emocionante homenagem a Harold Ramis, falecido em 2014 e que viveu o Dr. Egon Spengler nos dois primeiros filmes, além de ser o roteirista dos longas.
Na nova produção, o personagem retorna para uma despedida da franquia, mas, assim como o seu intérprete, já morto. Ele, que é o fio-condutor da trama, uma vez que é a partir do seu legado que os novos protagonistas encontram as ferramentas para enfrentar as novas ameaças fantasmagóricas, volta, em forma espectral, para se despedir dos companheiros — que aparecem fardados como Caça-Fantasmas no desfecho —, mas também para fazer a passagem de bastão para a nova geração.
O diretor Jason Reitman, filho do cineasta responsável pelos dois primeiros filmes da franquia, faz da cena em questão um momento sensível, mas de bom tom, recriando Spengler em computação gráfica, de maneira translúcida — afinal, ele é um fantasma —, mas conseguindo interagir e, mais importante, dando o abraço tão esperado em sua família, apesar de não dizer uma palavra sequer.
Após cumprir sua missão, que era combater o mal, o fantasma de Spengler finalmente pôde descansar. Ao final de sua participação, aparece na tela a mensagem "para Harold". A homenagem vem arrancando lágrimas dos fãs de Os Caça-Fantasmas pela sua delicadeza.
Outras produções precisaram utilizar a criatividade para se despedir de personagens importantes após a morte de seus intérpretes. Confira alguns deles na lista abaixo:
Carrie Fisher em Star Wars: A Ascensão Skywalker (2019)
A intérprete da general Leia Organa morreu em 2016, antes de gravar o filme que seria focado em sua personagem, Star Wars: A Ascensão Skywalker — vale lembrar que O Despertar da Força foi dedicado a Han Solo e Os Últimos Jedi a Luke Skywalker. Mesmo assim, o diretor e roteirista J.J. Abrams decidiu levar Leia para o desfecho de sua história, mas sem uma atriz substituindo Carrie Fisher e, muito menos, recriando-a em computação gráfica. Assim, o cineasta utilizou cenas filmadas para o Episódio VII que não foram para a edição final, escrevendo a participação da personagem em cima de suas falas e gestos já pré-gravados. O resultado, porém, causou estranheza aos fãs pela falta de naturalidade, mas, ainda assim, emocionou por se tratar da despedida de um dos alicerces da franquia criada por George Lucas.
Heath Ledger em O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (2009)
Em ascensão em Hollywood por suas interpretações brilhantes em O Segredo de Brokeback Mountain e Batman: O Cavaleiro das Trevas, Ledger estava gravando, em 2008, O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, dirigido por Terry Gilliam, quando morreu em casa, vítima de uma overdose. Como o filme ainda estava longe de terminar de ser rodado, o cineasta, aproveitando-se do universo fantasioso de sua obra, escalou Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell para interpretarem transformações do personagem. E o resultado final deu certo, ficando verossímil e sem ferir a memória de Ledger. Vale lembrar que o astro morreu após encerrar o seu trabalho como o Coringa no longa do Batman, mas não viu o resultado nas telonas, que acabou lhe rendendo um Oscar póstumo.
Paul Walker em Velozes e Furiosos 7 (2015)
Em novembro 2013, Paul Walker, conhecido mundialmente por protagonizar a franquia Velozes e Furiosos, por pura ironia do destino, morreu em um acidente de carro. Na época, o ator estava filmando o sétimo capítulo da saga, na qual interpretava Brian O’Connor. A produção do filme foi interrompida por cinco meses e chegou aos cinemas norte-americanos em 2015, um ano após a previsão inicial. O diretor James Wan e os roteiristas do longa refizeram parte da história e chamaram Caleb e Cody Walker, irmãos do ator, para participaram do restante das filmagens como dublês de corpo. Paul foi recriado digitalmente em algumas cenas e uma emocionante sequência de despedida para o ator/personagem foi inserida no final do longa, levando os fãs da franquia às lágrimas. Brian, porém, segue vivo na franquia, sendo citado pelos demais personagens.
Domingos Montagner em Velho Chico (2016)
Um dos protagonistas da novela Velho Chico, o ator Domingos Montagner, 54 anos, morreu afogado no Rio São Francisco, em Sergipe, durante um intervalo das gravações, em 2016. E, mesmo seu personagem, Santo dos Anjos, sendo um dos principais do folhetim, a Globo e a equipe criativa decidiram por não substituir o intérprete ou usar um dublê para dar continuidade à narrativa. Em vez disso, ele seguiu na produção sem aparecer em frente às câmeras. Para isso, nas cenas em que ele está presente, foi utilizada a perspectiva do personagem. No capítulo final da novela, foi realizada uma homenagem ao ator, que termina com imagens de Santo dos Anjos navegando pelo Rio São Francisco, o que emocionou os fãs na época.
James Dean em Assim Caminha a Humanidade (1956)
James Dean se tornou um ícone da representação juvenil na década de 1950, sendo a personificação da rebeldia. Não é à toa que seus três únicos filmes estabelecem essa figura em cena: Vidas Amargas, Juventude Transviada e Assim Caminha a Humanidade. Neste terceiro filme, de George Stevens, Dean entregou uma atuação no mesmo patamar que seus colegas de elenco — Elizabeth Taylor e Rock Hudson. Apaixonado por carros desde menino, ironicamente, encontrou o seu destino final justamente em um acidente automobilístico, aos 24 anos, em 1955. Porém, ele ainda estava envolvido com Assim Caminha a Humanidade, que estava nos estágios finais de gravação. O personagem de Dean, então, foi mantido, mas com Nick Adams fornecendo a voz para algumas linhas de fala de Jett Rink, além de jogos de câmera para disfarçar a ausência da estrela. Vale lembrar que o ator não viu o segundo e o terceiro longas sendo lançados. Após sua morte, ainda conquistou duas indicações póstumas ao Oscar de melhor ator, pela primeira vez na história da Academia.
Brandon Lee em O Corvo (1994)
O filho de Bruce Lee estava construindo uma promissora carreira nos filmes de ação. No entanto, durante as gravações de O Corvo, uma sucessão de erros — que foram reprisados, em parte, no set de Rust recentemente — provocou o acidente que tirou a vida do astro de 28 anos, em 1993. Uma cápsula das balas falsas de uma cena gravada anteriormente ficou dentro da arma que seria utilizada por Fun Boy (Michael Massee) para atirar em Eric (Lee). A cápsula que estava alojada na arma foi disparada contra Lee, que morreu 12 horas depois, em um hospital. Após a fatalidade, a produção prosseguiu e, para as cenas que ainda não tinham sido gravadas, foi utilizado um dublê e o rosto de Lee inserido digitalmente quando necessário. Também foram utilizadas tomadas de outras cenas com pequenas correções digitais para se adaptarem e não parecerem fora de lugar. O Corvo foi lançado em 1994 e, hoje em dia, é considerado cult.