Em Vale Tudo, Gilberto Braga questionava com a trama o quanto valia ser honesto no Brasil. Mais de 30 anos se passaram desde o folhetim de sucesso, mas a capacidade de corromper (ou não) uma pessoa comprova sua atemporalidade em Reação em Cadeia, primeiro longa-metragem de ação de Márcio Garcia.
Guilherme (Bruno Gissoni) é o auditor de uma grande empresa que ganha expressão ao denunciar os desvios de um dos chefões. O esquema abre as portas para que ele passe a trabalhar para Vieira (Silvio Matos), poderoso empresário do grupo, que coordena negócios com lavagem de dinheiro e forte intervenção política.
— Quero mostrar que a corrupção existe, independentemente de direita ou esquerda. A opção de nos corromper tem a ver com escolhas de vida e saber assumir as consequências — afirma Garcia, em entrevista por vídeo a GZH.
O protagonista acaba se metendo em uma encruzilhada profissional, ao mesmo tempo em que sofre com a separação e a ida de sua filha de sete anos para o Exterior com a mãe. Porém, tudo começa a mudar quando uma ex-namorada, Lara (Monique Alfradique), ressurge e acaba enterrando-o no crime.
Com cenas que mostram perseguições e infiltração da polícia, o longa é ágil e ganha mais forma quando vemos Guilherme se tornando uma espécie de herói.
— Ele não tem vontade de ser um salvador da pátria, mas muita gente hoje em dia é ameaçada de forma covarde pela vida. A inteligência dele ajuda a dialogar com peças-chave, garantindo essa volta por cima — frisa Gissoni.
Uma curiosidade: logo após as filmagens de Reação em Cadeia, em que vive uma mulher duas caras e afundada na criminalidade, Monique interpretou uma investigadora em A Dona do Pedaço.
— São mulheres muito fortes. A Lara é destemida, flerta com o perigo e tem esse desvio de caráter inesperado — diz Monique.
Em seu desfecho, o filme entrega uma mensagem: cada um é responsável por seu destino, mas quem está ao redor pode interferir.