Final da Copa do Mundo de 2022. Brasil em campo. O planeta inteiro ligado na televisão. Em uma jogada decisiva, quando a Seleção está prestes a marcar um gol, abre-se um portal no meio do estádio. Dele, saem soldados que afirmam ser de 30 anos no futuro. Eles estão ali para pedir a ajuda da população do “passado” para lutar em uma guerra contra alienígenas que está acabando com a humanidade.
Este é o intrigante começo de A Guerra do Amanhã, superprodução estrelada por Chris Pratt (de Guardiões da Galáxia e Jurassic World) e que chega nesta sexta-feira (2) no catálogo do Amazon Prime Video. O longa, que seria lançado nos cinemas, mas que não conseguiu devido à pandemia do novo coronavírus, acabou encontrando o seu lar no serviço de streaming — após ser comprado por exuberantes US$ 200 milhões.
Na trama da ficção científica, após a descoberta da tal guerra que acontece no amanhã, uma aliança global é formada, e as pessoas do mundo todo são enviadas para o futuro para enfrentar as ameaças extraterrestres e ajudar o que restou da população. Uma delas é Dan Forester (Pratt), ex-combatente de elite que não quer mais saber de guerra, apenas se dedicar a sua família e prosperar na área da biologia, matéria que leciona para o Ensino Médio.
Contra a sua vontade, o professor é convocado e precisa liderar a equipe de cidadãos comuns enviada para o conflito, matar os seres invasores, encontrar uma solução para o massacre dos humanos e garantir que o futuro seja seguro. Ou seja, salvar o mundo, como todo bom herói faz.
Monstros em ação
Comandado por Chris McKay, diretor do surtado e divertidíssimo LEGO Batman: O Filme (2017), A Guerra do Amanhã tem como diferencial da maioria dos longas de monstro, justamente, o monstro. Na verdade, os monstros. Ao contrário de outras obras que escondem as ameaças no escuro, para, geralmente, ocultar uma computação gráfica ruim, aqui, os invasores alienígenas são revelados sem muita cerimônia e ocupam a tela a luz do dia, com um acabamento impecável, orgânico e assustador.
A caçada dos chamados “Garras-Brancas” aos humanos é frenética, semelhante, em vários pontos, com No Limite do Amanhã (2014), com Tom Cruise, mas, aqui, os monstros são personagens identificados e que assustam não por estarem fora da tela, por serem criaturas desconhecidas, mas, sim, por marcarem presença e se mostrarem o tempo todo. Inclusive, os momentos de combate entre os humanos e os invasores são ótimos, remetendo aos jogos de tiros em primeira pessoa, ajudando na imersão de levar o espectador para a ação, cara a cara com os bichões.
Outro monstro que está em cena é J.K. Simmons, vencedor do Oscar por Wiplash: Em Busca da Perfeição (2014). E, apesar de ser um excelente ator, ele merece o título de “monstro” por outro motivo: ele está fortão aos 66 anos, com direito a camiseta regata para mostrar os músculos e pronto para descer a porrada nos invasores. Inegavelmente, versátil. A australiana Yvonne Strahovski, da série The Handmaid’s Tale, que exerce um dos papéis centrais e com mais profundidade do longa, também está ótima, tendo espaço para mostrar o seu talento, transitando com facilidade entre o drama e a ação.
Aventura honesta
Nitidamente pensado para ser visto em uma tela de cinema — com momentos que seriam espetaculares no IMAX, por exemplo —, o filme tem todos os elementos que fazem de um longa um sucesso: um protagonista carismático, uma trama interessante e facilmente digerível, além de efeitos especiais de primeira. Apesar da experiência na sala escura não poder ser apreciada, o longa ainda assim se sustenta — porém, se poder ver em uma televisão grande e com o som alto, não perca a chance.
Como uma aventura com um protagonista extremamente bonzinho e altruísta — inclusive, Pratt conseguiu tirar de seu olhar aquela leve malícia que tem o seu Senhor das Estrelas, da Marvel, para ser o mais mocinho possível —, A Guerra do Amanhã tem como um dos seus pontos principais as mensagens edificantes e frases de efeito. E elas estão inseridas em todos os momentos. Mas quem não tem problema de abraçar os clichês em prol da diversão, não deve se incomodar.
Outro ponto que vale ser destacado, também, é que, apesar de sua visão patriótica, o filme não deixa de tecer críticas importantes, seja sobre o propósito dos combates armados, a degradação do meio ambiente ou a falta de investimento em pesquisas científicas, conversando com os problemas de agora. E que devem se intensificar ainda mais no futuro.
Mesmo bebendo em diversas fontes, A Guerra do Amanhã consegue trazer uma certa originalidade para um gênero que já experimentou de tudo um pouco e isso já serve para justificar a dedicação de 2h18min para conferir a aventura.
No final das contas, A Guerra do Amanhã é um filme sobre esperança, afinal, ele projeta que o Brasil estará na final da Copa de 2022. E que ainda haverá humanidade para ser salva daqui a 30 anos.
Confira o trailer de A Guerra do Amanhã: