Ray Fisher, ator de Liga da Justiça que interpretou Ciborgue, voltou relatar casos de racismo ocorridos nos bastidores da produção. Em texto publicado em suas redes sociais, o artista disse que foi alvo de discriminação por parte de três executivos da Warner Bros: Toby Emmerich, Geoff Johns e Jon Berg.
"Quando se trata de questões envolvendo raça, sempre procuro dar o benefício da dúvida para aqueles que podem ser ignorantes de seus próprios preconceitos. Mas quando você tem executivos de um estúdio (particularmente Geoff Johns) dizendo 'não podemos ter um homem negro nervoso no centro do filme' - e então esses executivos usam seus poderes para reduzir e remover todos os negros daquele filme - eles não têm direito a qualquer direito associado com a dúvida", escreveu Fischer.
O ator reafirma que descobriu recentemente o conteúdo de reuniões que ocorreram entre os executivos e sem a presença dele. Também diz que os envolvidos não são ignorantes sobre suas ações e "que a retórica racista que eles optaram por usar nessas reuniões eram ofensivas, discriminatórias e inaceitáveis".
Fisher ainda relembra casos que ocorreram durante as gravações em que foi pedido a ele que "interpretasse o Ciborgue como o Quasímodo", de O Corcunda de Notre Dame, e "forçando uma cena a ser refeita para destacar a existência do pênis do Ciborgue".
O ator ainda escreve em seu texto que estes não foram os únicos problemas. Ele conta que a liderança da Warner mentiu ao afirmar que Zack Snyder tinha escalado Joss Whedon para finalizar o filme após sua saída. Conforme o artista, há um esforço em culpar Kevin Tsujihara e Joss Whedon, mas o responsável seria Geoff Johns, que insistiu para que Whedon revisasse o roteiro da produção e é parte das situações de racismo ocorridas.
Ray Fisher finaliza seu comunicado afirmando que a versão do filme de Zack Snyder é uma oposição à essa situação discriminatória, agradece aqueles que participaram das investigações e afirma que Walter Hamada, atual presidente da DC, deve um pedido de desculpas a todos os envolvidos.
No último sábado (27), Fisher já havia comentado algumas questões sobre o tema nas redes sociais. Na ocasião, a WarnerMedia emitiu um comunicado lamentando "falsas declarações sendo feitas sobre nossos executivos e nossa empresa em torno da recente investigação da Liga da Justiça". A empresa afirmou que os executivos "cooperaram totalmente" com a investigação e que "nenhuma evidência foi encontrada de qualquer interferência".
Entenda o caso
Este é mais um capítulo do caso envolvendo Ray Fisher e a Warner Bros. Em julho do ano passado, o ator denunciou o comportamento de Joss Whedon, que assumiu a direção de Liga da Justiça após a saída de Zack Snyder por problemas pessoais.
Fisher disse que "o tratamento que o diretor deu ao elenco e à equipe no set de Liga da Justiça foi nojento, abusivo, antiprofissional e completamente inaceitável". Ele afirma que Geoff Johns, ex-presidente da DC, e o produtor Jon Berg tinham conhecimento a respeito do comportamento de Whedon.
Em agosto, a Warner anunciou a abertura de uma investigação interna para apurar o caso. Fisher criticou a empresa contratada, afirmando que ela não é independente.
No mês seguinte, o ator disse ter recebido uma ligação de Walter Hamada pedindo que seus relatos fossem focados apenas no mau comportamento de Whedon e do produtor Jon Berg, omitindo o nome do ex-presidente Geoff Johns. A Warner, por sua vez, emitiu um comunicado acusando Fisher de não colaborar com a apuração. Em resposta, o ator negou e disse que o conglomerado tenta "desacreditá-lo".
Em outubro, Fisher relatou que as mudanças ocorridas na obra se deram após conversas racistas entre executivos da Warner Bros. Em entrevista à Forbes, ele citou diversos nomes de executivos de alto nível da produtora que participaram das discussões.
— Antes do processo de refilmagem de Liga da Justiça, conversas abertamente racistas foram mantidas, em várias ocasiões, por ex e atuais executivos de alto nível da Warner Bros. Pictures — disse Fisher. — Os tomadores de decisão que participaram dessas conversas racistas foram Geoff Johns, Jon Berg e o atual presidente do Warner Bros. Pictures Group, Toby Emmerich — acrescentou.
O ator afirmou que ficou sabendo das conversas por meio de uma pessoa que estava presente durante as discussões. Contudo, Fisher só teria sido informado disso após ter denunciado o comportamento de Johns, Berg e o roteirista Joss Whendon.
Em janeiro deste ano, o ator anunciou, via publicação no Twitter, que foi desligado do elenco do filme solo de The Flash em meio a investigações de abuso moral.