Nesta sexta feira (20), Dia da Consciência Negra, tem início uma iniciativa anunciada como a maior ação afirmativa da história do audiovisual gaúcho. De hoje a 27 de novembro será realizado o 1º Festival Cinema Negro em Ação, com 20 horas de programação transmitidas pela TVE-RS e pelo site da emissora. Será possível acompanhar o festival também pela página da Casa de Cultura Mario Quintana no Facebook.
Das 309 obras inscritas, foram selecionadas 75 produções para a mostra competitiva: 33 curtas-metragens, seis longas, 19 videoclipes e 17 videoartes. São trabalhos vindos de todas as regiões do país, com uma ampla diversidade de temáticas e linguagens: ficção, documentário, animação, performance, infantil, religião, consciência social e LGBTQ+, entre outras. A relação completa está disponível no site da Secretaria de Cultura do Estado.
Também há 29 projetos inscritos no Encontro Mercado e Oportunidades, que integra a programação do evento. Realizadores se encontrarão com players parceiros do festival, como a plataforma Netflix. Serão selecionados 14 projetos em desenvolvimento de séries e longas, que vão receber o selo Cinema Negro em Ação e devem ser apresentados em encontros exclusivos com os realizadores.
O festival é uma realização da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) e do Instituto Estadual de Cinema (Iecine). O projeto foi proposto em 2019 pela cineasta Camila de Moraes, que assina a curadoria.
— O festival surge da necessidade nos reconhecermos enquanto realizadores negros atuantes no cenário do audiovisual brasileiro. Para sabermos quem está produzindo, quem são essas pessoas, o que elas estão propondo de novo, quais são as temáticas que estão realizando. O festival vem para ser um elo de intercâmbio entre esses profissionais — explica Camila.
O cineasta Zeca Brito, diretor do Iecine, complementa:
— Um evento que busca atender a uma política afirmativa, uma ação efetiva. O objetivo é dar voz e visibilidade para esses realizadores. Oportunizar espaços de inclusão e fortalecimento profissional, além de despertar novas empatias através de novas visões de mundo.
Camila destaca que muitos setores da sociedade estão engajados para que esses realizadores sejam reconhecidos. A ideia, inclusive, é que o festival perdure para próximas edições.
— Quando a gente pensa num festival que está passando 75 obras, que teve uma procura de mais de 300 obras, a gente vê que nosso país é muito diverso. A gente está construindo muitas pontes para que essa ação perdure. Que não seja a única, e mais festivais no Rio Grande do Sul possam ser inclusivos e afirmativos — diz a curadora.
Encontros e homenagens
Um encontro com a filósofa e escritora Djamila Ribeiro irá abrir a programação do festival, ao meio-dia desta sexta. Uma das homenageadas do evento, Djamila irá conversar sobre a presença negra no audiovisual brasileiro. O bate-papo terá a participação das curadoras Carol Anchieta e Camila de Moraes e mediação da jornalista Clarissa Lima, da Secretaria da Cultura do Estado (Sedac).
O festival homenageará, além de Djamila, pessoas com destacada trajetória na cultura negra e na promoção de ações afirmativas e inclusivas: o ator Sirmar Antunes e a família Menezes — mãe Veralinda e os filhos Drayson, Sol e Sheron. Ao longo da programação, eles irão participar de encontros virtuais com o público. Os tributos serão realizados no dia 27 de novembro, juntamente com o anúncio dos vencedores do festival.
GRADE DE EXIBIÇÃO
A programação completa do Festival Cinema Negro em Ação pode ser acessada no site da Secretaria de Cultura. Confira algumas atrações deste final de semana.
20/11 (sexta-feira)
- 12h às 13h: encontro com a homenageada Djamila Ribeiro.
- 22h30 às 0h30min: longa-metragem De Cabral a George Floyd: Onde Arde o Fogo Sagrado da Liberdade, de Paulinho Sacramento (RJ).
21/11 (sábado)
- 18h às 19h: sessão de videoclipes
- 21h30min às 23h30min: curtas Entre Nós e o Mundo, de Fabio Rodrigo (SP), e Faixa de Gaza, de Lúcio César Fernandes Murilo (PB); longa-metragem Entreturnos, de Edson Ferreira (RS).
22/11 (domingo)
- 20h às 23h30min: sessão de videoarte, curtas – Joãosinho da Goméa - O Rei do Candomblé, de Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra (RJ), Eu Vejo Você, Rosas Negras, de Nando Zambia (BA), e Sol, de Higor Mourão (SP) –e longa Raízes, de Simone Nascimento e Wellington Amorim (SP).