Os cinemas de Porto Alegre estão voltando. É um retorno cercado de cuidados — conforme decreto, as salas poderão receber apenas 30% da capacidade de público e o distanciamento de dois metros entre frequentadores deve ser respeitado, além de outras medidas. Apesar das restrições, trata-se de uma reabertura que preocupa infectologistas.
— Do ponto de vista estritamente médico, não há nada que sustente esse retorno. Mas como não é apenas uma questão médica, temos que tomar atitudes para minimizar riscos — avalia Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas.
Para Sprinz, é necessário que os cinemas trabalhem para evitar aglomerações e que usem filtros de proteção nos ares condicionados. O decreto, no entanto, não orienta sobre o sistema de ar.
O infectologista Luciano Goldani também manifesta preocupação a respeito da combinação de retirada de máscaras e uso de ar condicionado. É que o decreto também libera a alimentação nos assentos. Dessa forma, ao menos momentaneamente, os espectadores poderão retirar as máscaras para comer.
— O sistema de ar condicionado de um cinema não é feito para renovar o ar, mas para resfriar o ambiente. Pelos estudos que conhecemos, se alguém com alta carga viral frequentar uma sessão e permanecer sem máscara ao comer ou falar, o sistema de ar pode levar o vírus a uma pessoa que está a metros de distância — explica Goldani.
Para o infectologista, a proibição da alimentação e o uso constante de máscara aumentariam a segurança. Além disso, o ideal é que não haja aglomeração em nenhuma etapa do programa, e que a duração seja a mais curta possível.
— Comprar ingressos pela internet ajuda a não dar chance de aglomerações se formarem. O espectador também deveria entrar na sala apenas na hora do filme. Se possível, trailers e propagandas deveriam ser evitados — diz Goldoni.
Atenção!
Confira, abaixo, quais são as situações que podem aumentar ou atenuar riscos de contaminação na sessão de cinema. Os infectologistas, no entanto, ainda observam que o mais seguro é assistir aos filmes em casa.
— Mesmo com todos os cuidados, o espectador ainda corre riscos — alerta Sprinz.
Conversar
Risco baixo
Desde que o diálogo seja realizado com máscara e respeitando o espaço de dois metros de distância, é possível conversar com frequentadores da sala.
Usar óculos 3D
Risco baixo
Se a higienização for realizada de modo adequado, o espectador pode ficar tranquilo. O mesmo vale para quem quer dar uma olhada rápida no celular durante a sessão.
— O risco maior de contágio é de pessoa para pessoa. Objetos higienizados não são um fator tão preocupante — observa Luciano Goldani.
Ir ao banheiro
Risco baixo
O banheiro não tende a ser um ambiente mais perigoso que a sala de cinema, desde que sejam evitadas as aglomerações e que as mãos sejam higienizadas.
Assistir a filmes longos
Risco médio
Quanto mais tempo o espectador permanecer na sala de cinema, mais tempo estará exposto ao risco de contaminação.
Comprar ingresso fisicamente
Risco médio
Haverá menos chance de aglomerações se formarem se menos gente deixar para comprar ingressos em cima da hora da sessão. Comprar pela internet é o mais seguro.
Consumir lanche e bebidas
Risco alto
Ao retirar a máscara para se alimentar, o espectador aumenta os riscos de contaminar a si e aos outros. A recomendação dos infectologistas é evitar lanches e jamais retirar a máscara.