A estreia prevista para 17 de julho passou para o dia 31 do mesmo mês. Na semana passada, foi reagendada para 12 de agosto. Além da expectativa gerada por ser o novo filme do diretor Christopher Nolan, Tenet é apontado como a principal aposta da indústria cinematográfica para a reabertura dos cinemas pós-quarentena nos Estados Unidos e no circuito mundial - no Brasil, está previsto para 27 de agosto.
Nolan é um diretor que costuma intrigar público e crítica com suas ambiciosas produções. É autor de títulos como Amnésia (2000), O Grande Truque (2006), A Origem (2010), Interestelar (2014) e o épico de guerra Dunkirk (2017). Também renovou com sucesso a franquia Batman na trilogia exibida entre 2005 e 2012 – o segundo, título, O Cavaleiro das Trevas (2008) arrecadou US$ 1 bilhão na bilheterias.
Por isso, Hollywood coloca as fichas em Tenet para atrair público na retomada de um setor fortemente abalado pela pandemia e ciente de que uma sala de cinema fechada pode não ser uma opção imediata de entretenimento. Mas Nolan é daqueles diretores que fazem de cada novo trabalho um evento na cultura pop. Entrega filmes com apelo comercial e marcados por seu toque autoral - do uso não linear do tempo ao labirinto narrativo que leva o espectador a percorrer diferentes camadas da trama, conjunto embalado pelo inventivo uso dos efeitos visuais.
Para Tenet, Nolan contou com um orçamento superior a US$ 200 milhões, o maior de sua carreira, sinal da confiança do estúdio Warner no projeto. Em sua gigantesca produção, o longa foi rodado em sete países: Dinamarca, Estônia, Índia, Itália, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos. Como em outras produções do diretor, foi filmado combinando a antiga película (70mm e 35mm) com os mais avançados suportes digitais, buscando aumentar a imersão do espectador na sessão diante da tela convencional e, sobretudo, nas salas Imax. Ou seja, Tenet foi feito para ser visto no cinema, outro forte apelo do filme nessa retomada.
Além de combinar ação e ficção científica, pouco foi divulgado sobre o enredo de Tenet. A sinopse oficial indica que o protagonista vivido por John David Washington (de Infiltrado na Klan) está “armado com apenas uma palavra (no caso, Tenet) e lutando pela sobrevivência do mundo inteiro”. Assim, ele “viaja através de um mundo crepuscular de espionagem internacional em uma missão que vai se desdobrar em algo além do tempo real”.
Tenet é um palíndromo (palavra que pode ser lida tanto da direita para a esquerda quanto da esquerda para a direita) e vai ao encontro do fato de o filme lidar com "inversão temporal". O protagonista teria a habilidade de retroceder algo que sequer aconteceu ainda. De acordo com os trailers divulgados, ele precisa impedir a Terceira Guerra Mundial. O elenco de Tenet traz ainda nomes como Robert Pattinson, Michael Caine e Kenneth Branagh.
Retomada
Richard Gelfond, CEO da Imax, disse sobre Nolan em uma conferência: "Não conheço ninguém nos EUA que esteja fazendo mais pressão do que ele para que as salas reabram com o seu filme".
Em março, Nolan escreveu um artigo publicado pelo jornal americano Washington Post pedindo apoio à comunidade cinematográfica na pandemia – em especial, aos funcionários dos estabelecimentos fechados. No texto, ele destacou que o hábito de frequentar o cinema será ainda mais importante após a crise sanitária: “A necessidade de um engajamento coletivo humano, a necessidade de viver, amar, rir e chorar juntos será mais poderosa do que nunca. A combinação dessa demanda reprimida e a promessa de novos filmes poderia impulsionar as economias locais e contribuir com bilhões para nossa economia nacional.
Segundo reportagem do Washington Post publicada em maio, o tom da Warner e dos exibidores reforçam a campanha de apontar Tenet como “o filme que que irá reabrir a América”. Para a Warner, essa abordagem serviria para capitalizar meses de demanda reprimida.
No entanto, a estreia de Tenet pode ser um tiro no escuro. Embora vá chegar aos cinemas americanos praticamente sem concorrência, a exibição do longa será observada atentamente por outros estúdios: se não obtiver sucesso o sucesso esperado, dificilmente outro filme conseguirá na sequência. A maioria dos cinemas dos Estados Unidos permanece fechada para ajudar a conter a propagação da covid-19. Recentemente, houve um aumento de casos de coronavírus em vários Estados do país. Apenas cerca de 780 das 5,6 mil salas de exibição dos EUA estão abertas de acordo com a empresa de monitoramento Comscore.
"A Warner Bros está comprometida em levar Tenet ao público nos cinemas, na telona, quando os exibidores estiverem prontos e as autoridades de saúde pública disserem que é hora", disse a empresa em nota.
Há países que reabriram seus cinemas após a diminuição de casos de covid-19, mas com restrições de público e protocolos sanitários. É o caso da França, que autorizou a retomada das atividades dos exibidores na última segunda-feira (22). No Brasil, não há previsão para reabertura. Embora Tenet seja o blockbuster que ambiciona ser o símbolo da retomada, o filme não será o primeiro a estrear nos cinemas nas próximas semanas: o thriller Fúria Incontrolável, com Russell Crowe, chegará às salas americanas em 10 de julho. Será o primeiro teste.
Principais estreias *
- 10/7 - Fúria Incontrolável
- 12/8 – Tenet
- 21/8 – Mulan
- 3/9 - Um Lugar Misterioso – Parte 2
- 2/10 - Mulher-Maravilha 1984
- 29/10 – Viúva Negra
- 20/11 –007: Sem Tempo para Morrer
- 18/12 – Duna (parte 1)
* Nos EUA. Datas sujeitas à alteração