Em votação foi promovida pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) que servirá de base para livro realizado em parceria com Canal Brasil e Editora Letramento, o filme Ilha das Flores, do gaúcho Jorge Furtado, foi eleito o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos.
A produção gaúcha, disponível na plataforma Canal Brasil Play, deu início a sua trajetória de prêmio no Festival de Gramado de 1989. No ano seguinte, ganhou o Urso de Prata da categoria no Festival de Berlim, em 1990. Aclamado pela crítica, tornou-se tema de aula nas escolas e objeto de estudo de teses acadêmicas. Exemplo de inovação estética, criatividade narrativa e poder de concisão, o curta mostra em 12 minutos – alternando registros de comédia e drama, ficção e documentário, animação e colagem, realidade e farsa, antecipando ao seu modo o recursos do hiperlink que viria a se popularizar anos depois com internet – trajetória de um tomate desde sua plantação até ser rejeitado dentro de uma casa e virar objeto de disputa entre humanos e porcos em um lixão.
Na votação que contou com a participação de críticos de cinema de todo o Brasil, Ilha das Flores ficou à frente de produções assinadas por alguns dos mais importantes diretores do Brasil, como, entre eles Glauber Rocha (Di, 1977, ganhador do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes), Andrea Tonacci (Blábláblá, 1968), Humberto Mauro (A Velha a Fiar, 1964) e Joaquim Pedro de Andrade (Couro de Gato, 1962), que ocupam da segunda à quinta posição na lista, respectivamente. Furtado tem outo trabalho na lista, O Dia em que Dorival Encarou a Guarda (1986), que dirigiu junto com José Pedro Goulart, na 20ª posição. E cabe ressaltar que Ilha das Flores já havia figurado, ocupando a 13ª colocação, na votação da Abraccine com os cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos, incluindo longas (foi a única produção gaúcha listada).
Organizado por Gabriel Carneiro e Paulo Henrique Silva, presidente da Abraccine, o livro Curta Brasileiro – 100 Filmes Essenciais será lançado no segundo semestre de 2019. A publicação contará com ensaios dedicados a cada um dos títulos, escritos por autores diferentes ligados à crítica e à pesquisa de cinema. Terá ainda 20 artigos sobre a história do curta-metragem no Brasil.
Curta Brasileiro encerra a coleção 100 Melhores Filmes, formada por 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016), Documentário Brasileiro – 100 Filmes Essenciais (2017) e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais (2018), produzidos em conjunto por Abraccine, Canal Brasil e Editora Letramento. O de animação contou também com parceria da Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) e patrocínio da Secretaria do Audiovisual.
Os 100 melhores curtas do Brasil
1. Ilha das flores (1989), de Jorge Furtado
2. Di (1977), de Glauber Rocha
3. Blábláblá (1968), de Andrea Tonacci
4. A velha a fiar (1964), de Humberto Mauro
5. Couro de gato (1962), de Joaquim Pedro de Andrade
6. Aruanda (1960), de Linduarte Noronha
7. SuperOutro (1989), de Edgard Navarro
8. Maioria absoluta (1964), de Leon Hirszman
9. A entrevista (1966), de Helena Solberg
10. Arraial do Cabo (1959), de Paulo Cezar Saraceni e Mário Carneiro
11. Alma no olho (1973), de Zózimo Bulbul
12. Viramundo (1965), de Geraldo Sarno
13. Vinil verde (2004), de Kleber Mendonça Filho
14. Documentário (1966), de Rogério Sganzerla
15. Vereda tropical (1977), de Joaquim Pedro de Andrade
16. Recife frio (2009), de Kleber Mendonça Filho
17. Nelson Cavaquinho (1969), de Leon Hirszman
18. Zezero (1974), de Ozualdo Candeias
19. Sangue corsário (1980), de Carlos Reichenbach
20. O dia em que Dorival encarou a guarda (1986), de Jorge Furtado e José Pedro Goulart
21. O poeta do castelo (1959), de Joaquim Pedro de Andrade
22. Brasília, contradições de uma cidade nova (1967), de Joaquim Pedro de Andrade
23. Maranhão 66 (1966), de Glauber Rocha
24. O som ou tratado de harmonia (1984), de Arthur Omar
25. Subterrâneos do futebol (1965), de Maurice Capovilla
26. Mato eles? (1983), de Sérgio Bianchi
27. Guaxuma (2018), de Nara Normande
28. Meow! (1981), de Marcos Magalhães
29. Eletrodoméstica (2005), de Kleber Mendonça Filho
30. O rei do cagaço (1977), de Edgard Navarro
31. Fantasmas (2010), de André Novais Oliveira
32. Socorro Nobre (1995), de Walter Salles
33. À meia noite com Glauber (1997), de Ivan Cardoso
34. Dias de greve (2009), de Adirley Queirós
35. A pedra da riqueza (1975), de Vladimir Carvalho
36. Memória do cangaço (1965), de Paulo Gil Soares
37. O duplo (2012), de Juliana Rojas
38. Quintal (2015), de André Novais Oliveira
39. Fala Brasília (1966), de Nelson Pereira dos Santos
40. O porto de Santos (1978), de Aloysio Raulino
41. Horror Palace Hotel (1978), de Jairo Ferreira
42. Esta rua tão Augusta (1968), de Carlos Reichenbach
43. Muro (2008), de Tião
44. Manhã cinzenta (1969), de Olney São Paulo
45. O tigre e a gazela (1977), de Aloysio Raulino
46. Cinema inocente (1980), de Julio Bressane
47. …a rua chamada Triumpho 969/70 (1971), de Ozualdo Candeias
48. Carro de bois (1974), de Humberto Mauro
49. Olho por olho (1966), de Andrea Tonacci
50. Praça Walt Disney (2011), de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira
51. Chapeleiros (1983), de Adrian Cooper
52. Juvenília (1994), de Paulo Sacramento
53. Os óculos do vovô (1913), de Francisco Santos
54. Dossiê Rê Bordosa (2008), de Cesar Cabral
55. Lampião, o rei do cangaço (1937), de Benjamin Abrahão
56. Animando (1983), de Marcos Magalhães
57. Jardim Nova Bahia (1971), de Aloysio Raulino
58. Partido alto (1982), de Leon Hirszman
59. Torre (2017), de Nádia Mangolini
60. Mauro, Humberto (1975), de David Neves
61. Ver ouvir (1966), de Antônio Carlos Fontoura
62. Congo (1972), de Arthur Omar
63. Caramujo-flor (1988), de Joel Pizzini
64. Lacrimosa (1970), de Aloysio Raulino e Luna Alkalay
65. Palíndromo (2001), de Philippe Barcinski
66. Um sol alaranjado (2002), de Eduardo Valente
67. Cantos de trabalho (1955), de Humberto Mauro
68. O guru e os guris (1973), de Jairo Ferreira
69. Nosferato no Brasil (1970), de Ivan Cardoso
70. Mulheres de cinema (1976), de Ana Maria Magalhães
71. Kbela (2015), de Yasmin Thayná
72. A voz e o vazio: a vez de Vassourinha (1998), de Carlos Adriano
73. Libertários (1976), de Lauro Escorel
74. Meu compadre Zé Ketti (2001), de Nelson Pereira dos Santos
75. Seams (1993), de Karim Aïnouz
76. Céu sobre água (1978), de José Agrippino de Paula
77. Dov'è Meneghetti? (1989), de Beto Brant
78. Teremos infância (1974), de Aloysio Raulino
79. Texas Hotel (1999), de Cláudio Assis
80. Rituais e festas Bororo (1917), de Major Thomaz Reis
81. Integração racial (1964), de Paulo Cezar Saraceni
82. HO (1979), de Ivan Cardoso
83. Kyrie ou o início do caos (1998), de Debora Waldman
84. Pouco mais de um mês (2013), de André Novais Oliveira
85. Cartão vermelho (1994), de Laís Bodanzky
86. Um dia na rampa (1960), de Luiz Paulino dos Santos
87. Moreira da Silva (1973), de Ivan Cardoso
88. Nada (2017), de Gabriel Martins
89. Nada levarei quando morrer aqueles que mim deve cobrarei no inferno (1981), de Miguel Rio Branco
90. O ataque das araras (1975), de Jairo Ferreira
91. Enigma de um dia (1996), de Joel Pizzini
92. Amor! (1994), de José Roberto Torero
93. Menino da calça branca (1961), de Sérgio Ricardo
94. Estado itinerante (2016), de Ana Carolina Soares
95. Amor só de mãe (2002), de Dennison Ramalho
96. Carolina (2003), de Jeferson De
97. Contestação (1969), de João Silvério Trevisan
98. Guida (2014), de Rosana Urbes
99. Exemplo regenerador (1919), de José Medina
100. Frankstein punk (1986), de Cao Hamburger e Eliana Fonseca