Guy Ritchie é conhecido por filmes de gângsteres trogloditas, como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch: Porcos e Diamantes. Suas versões modernizadas de Sherlock Holmes e o recente Rei Arthur, de 2017, exalam testosterona e brutalidade.
O fato de o britânico assumir o comando da adaptação com atores de Aladdin, uma das clássicas animações musicais da Disney, foi um choque não apenas para os fãs, mas até mesmo para o próprio diretor do filme, que estreia nesta quinta-feira (23).
— Foi uma surpresa — conta um Ritchie sincerão. — Mas não estou em território desconhecido, pois tenho cinco filhos e é o tipo de filme que assisto quando vou ao cinema com a família.
Ritchie diz que a chance de fazer um longa-metragem que pode ser visto por seus filhos foi a principal razão de aceitar o convite. O mais velho, Rocco, com a cantora Madonna, tem 18 anos, enquanto o mais novo, Levi, com a modelo Jacqui Ainsley, está com cinco.
O protagonista
Mas ele logo encontrou os primeiros problemas. A escalação de Will Smith para fazer o papel do Gênio da Lâmpada, que foi dublado por Robin Williams na versão animada, rendeu o primeiro desafio à produção.
Quando a Disney lançou o segundo trailer de Aladdin, em fevereiro, o personagem azul aparece por alguns segundos, porém foi o bastante para virar uma piada online.
— Fiquei assustado por um momento — relembra Ritchie. — O trailer mostrou apenas o suficiente de Will para irritar as pessoas. Eu tinha um ponto de vista diferente sobre o quanto deveríamos revelar naquele trailer, mas fui voto vencido. Se tivéssemos mostrado um pouco mais do Gênio, os fãs teriam ficado satisfeitos.
A comoção diminuiu nos últimos meses e, depois que o filme estrear, é bem possível que muitos se arrependam de terem julgado a decisão.
Will Smith, depois de uma estranheza inicial, brilha cantando, dançando e fazendo piadas.
— Incêndios podem se alastrar a partir das redes sociais — afirma o diretor. — Mas acho que conseguimos superar esse desafio.
Smith diz que não deixou a repercussão negativa atrapalhar seu trabalho e que descobriu o tom do personagem brincando com uma versão hip-hop da canção Friend Like Me.
— Eu me identifico com o Gênio, porque ele está algemado, apesar dos seus poderes. Eu também tinha a sensação de estar acorrentado. Nos últimos dois anos, comecei a encontrar a minha liberdade e a me sentir confortável comigo mesmo — filosofou o astro, em entrevista à Entertainment Weekly.
Trilha sonora
Já a evolução de Aladdin em relação ao desenho de 1992 passa pelas músicas, uma missão ingrata já que o filme levou, na época, o Oscar de Melhor Canção por A Whole New World (Um Mundo Ideal, em português) e melhor trilha sonora.
A nova versão do longa traz as canções originais e duas músicas inéditas, com letras do duo Benj Pasek e Justin Paul, de La La Land. A principal é Speechless, cantada pela atriz inglesa Naomi Scott, que interpreta Jasmine. A canção reflete uma motivação mais moderna para a personagem, que agora deseja ser uma princesa e não aceita casamentos arranjados.
— Aladdin tinha muitos desafios, mas a princesa, não. Todos nós sabíamos que a personagem precisava de desenvolvimento — recorda o diretor, que afirma ter se emocionado quando assistiu ao filme pronto pela primeira vez. — Chorei e ri junto com todo mundo no cinema. Foi uma surpresa para mim também.