Em frente a um dos portões de acesso à Arena do Grêmio, uma família tenta ingressar no estádio para assistir ao Gre-Nal. O problema é que os ingressos descolados pelo questionável advogado Luis Fernando (Zé Victor Castiel), amigo dos Azevedo, são falsos. A conversa fica tensa, já que a família não passa por um bom momento e queria mesmo é esquecer os problemas. Os irmãos Antônio Júnior (Leo Barison), Laura (Fernanda Moro) e Caio (Gutto Szuster) estão de volta a Porto Alegre devido à morte do pai, Antônio Azevedo, o Toninho do Alto da Bronze.
Esse retorno forçado para uma cidade que traz lembranças amargas ao trio é o ponto de partida de Sempre Poa, série dirigida por Gustavo Fogaça e Paola S. Troian para o canal Prime Box e que terá cenas dos oito episódios gravadas na capital gaúcha até o fim de julho. Apesar do peso dramático do enredo, a dupla – que também esteve à frente da série de terror Liberto – tenta imprimir um ritmo cômico à trama.
– O Eduardo Mendonça (ator conhecido por trabalhos como a série Gre-Nal É Gre-Nal) assinou o roteiro com a gente e ajudou nesse olhar da comédia. Queríamos contar uma história com dramas familiares que tivesse Porto Alegre como pano de fundo, mas tudo isso com leveza. É a nossa cidade, nos inspiramos nas nossas famílias, na vivência que temos aqui – explica Paola em entrevista no intervalo das gravações da série na esplanada da Arena.
Os filhos de Toninho e Maricota (Nadya Mendes) saíram de casa cedo. Enquanto o mais velho, Júnior, sempre foi introspectivo e fez família em São Paulo, a do meio, Laura, nunca foi aceita por ser homossexual, fixando residência no Rio. O mais novo, Caio, deixou o lar para tentar carreira de jogador ainda menino e, hoje, vive em Pernambuco. Quem recebe os irmãos na capital gaúcha é a mãe, uma mulher que optou por se dedicar às vontades do marido e construiu uma relação distante com os filhos.
– Minha personagem está sofrendo, mas ter os filhos de volta em casa é muito bom. Está numa gangorra de emoções, ri e chora ao mesmo tempo. Como mãe, negligenciou os filhos, então é o momento de dar um rumo para a família. Acho que todo mundo tem uma tia Maricota, aquela pessoa que não tem filtro para falar, é impulsiva. Quem assistir vai se identificar – opina Nadya.
Elenco porto-alegrense
Os pontos turísticos de Porto Alegre serão o pano de fundo para as situações inusitadas que a família Azevedo enfrentará em Sempre Poa. Além da Arena, haverá cenas em locais como o Parque da Redenção, o Mercado Público e o Cais do Porto. Todos os acontecimentos se estenderão em um arco de 48 horas e serão narrados em diferentes ângulos.
– Tentamos manter as peculiaridades da cidade e a própria geografia. Faremos transições de imagem na série por meio de um aplicativo de rota para quem não é daqui entender os caminhos da cidade – adianta a diretora.
Por coincidência, todo o núcleo principal da produção nasceu em Porto Alegre, apesar de boa parte já não morar mais na Capital ou viver na ponte aérea. O retorno para casa na ficção reflete, em alguma medida, a volta dos próprios atores para a terra natal com um olhar mais maduro, como conta Gutto Szuster, que está radicado em São Paulo há uma década:
– É bem nostálgico. Passar pelo lugares onde nos criamos, voltar para ter uma relação distanciada. Acabamos revivendo a cidade na série assim como o público.
Produzida pela Santa Studios e financiada via Fundo Setorial do Audiovisual, Sempre Poa tem previsão de estreia para o primeiro semestre de 2019. A produção é mais um projeto gaúcho que será exibido no canal Prime Box, responsável por abrir espaço para o circuito audiovisual independente. Abaixo, saiba mais de outras duas produções gravadas por aqui e que irão ao ar nos próximos meses no canal.
Outras séries gravadas em Porto Alegre
Liberto
Prevista para estrear em 31 de outubro, dia de Halloween, a série que mescla suspense e terror foi gravada em Porto Alegre em lugares como o Hospital Parque Belém e a Igreja Anglicana de Teresópolis. Na história, Nonato (Luis Franke) é um exorcista renomado que decide se aposentar e, por isso, volta à sua cidade natal, Porto Alegre. Por aqui, cruza com Julio (Emilio Farias), um jovem que pede auxílio para tratar a mãe, Carmem (Áurea Baptista), que está possuída. Os dois se transformam em mestre e discípulo, deparando com segredos, seitas e uma batalha milenar entre anjos e demônios. A direção é Gustavo Fogaça e Paola S. Troian.
Chuteira Preta
Estrelada por Márcio Kieling, a série do diretor Paulo Nascimento tem previsão de estreia para o fim deste ano. O enredo é focado na história de Kadu, jogador que decidiu voltar às origens para reencontrar a alegria de entrar em campo. Em sua cidade natal (a trama não se passa em Porto Alegre, mas foi gravada aqui) retoma o contato com quem o fez tomar gosto pelo esporte: o tio Jair (Nuno Leal Maia), craque nos anos 1970 que nunca se importou com dinheiro e fama e, hoje, é dono de um bar. A série teve cenas gravadas em Porto Alegre, Eldorado do Sul e Guaíba, com colaboração de Tailor Diniz e Gilberto Perin no roteiro.