O antes, o durante e o depois do movimento estudantil revolucionário com epicentro nas ruas de Paris que provocou abalos em todo mundo, no final dos 1960, é tema de uma mostra de que tem início nesta quinta-feira (03) na Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1.085). Com o título Destrua-se – Maio de 1968 no Cinema, a seleção reúne 12 títulos referenciais, entre os que captaram o clima efervescente daquele momento histórico, assinados por nomes como Jean-Luc Godard e Chris Marker, e os que sobre ele lançaram um olhar em retrospectiva, dirigidos por, entre outros, o brasileiro João Moreira Salles. Os ingressos custam R$ 10, com meia-entrada para estudantes e maiores de 60 anos – algumas sessões terão entrada franca.
Cabe a Godard, mestre que segue na ativa aos 87 anos – na proxima semana, apresenta seu mais recente longa, Le Livre d’Image, no Festival de Cannes – a abertura dos trabalhos. Serão exibidos hoje dois filmes que simbolizam a transição do enfant terrible da nouvelle vague para a militância política mais radical, ambos refletindo também o visionário arrojo estético do autor que ajudou a reinventar a gramática do cinema.
Às 18h, passa A Chinesa (1967), no qual Godard apresenta, um ano antes do Maio de 68, um grupo de jovens estudantes inflamados pela Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung na China, para eles a verdadeira represenção do comunismo que desejam concretizar no mundo ocidental, nem que para isso precisem pegar em armas.
Na sessão das 20h, esta com entrada gratuita, será exibido Weekend à Francesa (1967), road movie com pegada surrealista que acompanha a viagem de um casal por caminhos que ilustram a convulsão e a degradação da sociedade burguesa.
Godard está representado ainda por One + One (1968), documentário-ensaio que acompanha os Rolling Stones no estúdio durante a gravação da emblemática canção Sympathy for the Devil – exibição no domingo, às 18h.
Destacam-se ainda na programação filmes do documentarista Chris Marker, um dos mais importantes realizadores do gênero: o média-metragem Até Logo, Eu Espero (1967), no sábado, às 18h, é o registro de um modelo de greve que ganhou corpo à época: a ocupação de uma usina transformada em palco de reivindicações (não muito harmônica, diga-se) de operários e estudantes; e O Fundo do Ar é Vermelho (1977), balanço sobre esperanças e frustrações decorrentes de movimentos revolucionários pelo mundo.
São imperdíveis ainda os trabalhos de Alexander Kluge, com Perplexos: Artistas na Cúpula do Circo (1967), Romain Goupil, de Morrer aos Trinta Anos (1982), e João Moreira Salles, com seu recente No Intenso Agora (2017), que traz imagens de alguns desses filmes citados. O grupo Zanzibar, movimento de jovens cineastas franceses que buscava estabelecer a ponte entre a nouvelle vague e o cinema underground norte-americano na virada nos anos 1960 e 1970, está representado por três trabalhos.
Dentro desse clima libertário, a Cinemateca Capitólio promove, dia 16 de maio, às 20h, o pré-lançamento do documentário A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro, de Leo Garcia e Zeca Brito, que passa em revista a trajetória do jornalista gaúcho que marcou época à frente de publicações como o Pasquim. A mostra é uma realização da coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Prefeitura de Porto Alegre, em parceria com a Cinemateca da Embaixada da França, do Institut Français e do Instituto Goethe Porto Alegre.
Para conferir a programação completa, acessar aqui.