Não é de hoje que o ator Leonardo DiCaprio chama a atenção para o superaquecimento da Terra. Nomeado em 2014 mensageiro da paz da ONU para o clima, DiCaprio abordou o tema ao receber o Oscar, em fevereiro, pelo filme O regresso (2015).
– O ano passado foi o mais quente já registrado. A mudança climática está aí. É real – discursou, na ocasião.
O intérprete de filmes como Titanic (1997) e O lobo de Wall Street (2014) já participou como roteirista e produtor do documentário ambientalista Última hora (2009) e agora assina a produção de Seremos história? (2016), que estreia neste domingo, às 23h, no National Geographic e na Fox1.
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Dirigido pelo também ator e documentarista Fisher Stevens, e com o usual parceiro de DiCaprio Martin Scorsese na produção executiva, Seremos história? lembra Uma verdade inconveniente (2006), filme dirigido por Davis Guggenheim e apresentado por Al Gore que venceu o Oscar de melhor documentário alertando sobre o risco que o mundo corria diante do acelerado processo de degradação ambiental. Dez anos depois, o tom é ainda mais pessimista: aponta que atitudes individuais que possam mudar a situação não são mais suficientes.
É quase com ironia que DiCaprio lembra de uma época em que se falava apenas sobre trocar lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes ou testar carros híbridos. Agora, aposta que é preciso usar a coletividade para pressionar por mudanças.
– Por que o Brasil, de repente, começou a salvar a Amazônia? Porque as pessoas do Brasil fizeram os políticos compreenderem que isso é importante. E é isso que será necessário – comenta o diretor Stevens, em entrevista concedida por telefone.
O longa também aborda aspectos como a poluição industrial excessiva, o consumo de carne bovina e o dilema dos países em desenvolvimento, mais especificamente a Índia, entre fornecer eletricidade a seus habitantes, mas, com isso, agravar os problemas ambientais, já que uma das formas mais baratas de gerar energia elétrica é por meio da queima de carvão.
– Leo me pediu para fazermos isso (o filme) juntos. Foi uma ideia dele – explica Stevens. – Eu quis fazer porque sinto que, infelizmente ou felizmente, uma celebridade atrai atenção a causas e problemas. Leo está envolvido com o movimento ambientalista desde 1999, bem antes de mim.
DiCaprio guia o espectador em uma grande viagem por países como Estados Unidos, China e Índia, além de regiões como o Polo Norte. No Canadá, Seremos história? registra bastidores das filmagens de O regresso, longa de Alejandro Iñárritu que, com o aumento brusco da temperatura, precisou ter o set transferido – o filme acabou tendo cenas rodadas em Ushuaia, na Argentina, já que todo o gelo da região canadense derreteu.
O alerta de Seremos história?, apresentado a partir de uma alusão à pintura O jardim das delícias terrenas (1503-15), do holandês Hieronymus Bosch – que mostra três fases da Terra, o paraíso, o caos e a destruição – é claro: já é quase tarde demais.
Seremos história?
Documentário de Fisher Stevens.
Estreia domingo, às 23h.
Exibição simultânea nos canais National Geographic e Fox1, e também nas páginas do NatGeo no Twitter, no Facebook e no YouTube.