Não bastassem as obras de arte lá dentro, o Margs também é um deleite para quem está do lado de fora. O prédio que abriga o museu, que completa 70 anos, é um dos mais importantes da arquitetura de Porto Alegre. É inevitável que, durante uma simples caminhada pela Praça da Alfândega, os olhos recaiam sobre ele.
Erguido em 1914 para ser sede da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional, o prédio foi projetado por Theo Wiederspahn, arquiteto alemão radicado em Porto Alegre e responsável pelo "irmão" do Margs, o prédio que sedia o Memorial do Rio Grande do Sul, finalizado na mesma data para abrigar os Correios e Telégrafos.
— O prédio do Margs e do Memorial são os cartões-postais da época de ouro da nossa arquitetura historicista, conhecida como eclética. Theo foi um dos principais arquitetos que remodelaram Porto Alegre no início do século 20 — afirma José Francisco Alves, historiador da arte e autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre (2004).
São 4,8 mil metros quadrados de área construída, com salas expositivas no segundo e terceiro andares. Lá no alto, há quatro torres com coberturas em bronze e um terraço que oferece uma visão exclusiva da Praça da Alfândega. Encostando-se no parapeito e espichando o pescoço em direção à sede do Banrisul, enxerga-se, por trás de algumas estátuas, uma maquete do próprio prédio. Um regalo para quem gosta de desbravar a arquitetura dessa joia porto-alegrense.
As estátuas são histórias à parte. Executadas por Alfred Adloff, são figuras que representam alegorias mitológicas da economia e da cultura.
— É um templo de belas-artes — resume Alves. — Tudo é um todo, seguindo o esquema do arquiteto.
Duas grandes reformas transformaram o prédio em um lugar adequado para um museu. A primeira entre 1995 e 1996, e a segunda entre 2020 e 2023.