Morreu na manhã desta quinta-feira (22) o artista gaúcho Carlos Pasquetti, um dos mais importantes e influentes nomes da arte contemporânea do Rio Grande do Sul, em decorrência de um câncer de próstata. Conforme o filho Marcelo Pasquetti, o artista morreu enquanto dormia "sem aparentar dor", no residencial geriátrico Plaza Catedral, em Porto Alegre.
Pasquetti foi professor, pintor, desenhista e multiartista de vertente conceitual, empregando uma variedade de técnicas e procedimentos. Ao longo de sua trajetória, recebeu diversos prêmios e homenagens, como o Troféu Scalp Destaque em Artes Plásticas e o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, sendo reconhecido nacional e internacionalmente.
O artista nasceu em Bento Gonçalves, em 1948. Formou-se em pintura no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1970. Um ano depois, realizou sua primeira exposição individual no Instituto dos Arquitetos do Brasil em Porto Alegre. A partir de 1973, lecionou por oito anos no departamento de Arte Dramática da UFRGS. Foi um dos fundadores do grupo que se aglutinou em torno da publicação Nervo Óptico.
De 1980 a 1981, Pasquetti fez pós-graduação na School of the Art Institute of Chicago, nos Estados Unidos, recebendo o título de Master in Fine Arts. De volta ao Brasil, atuou como professor no departamento de Artes Visuais da UFRGS, por uma década. Em 1991, iniciou uma viagem de estudos pela Escócia e Inglaterra, retomando, posteriormente, a docência.
O crítico e historiador da arte, professor, jornalista e diretor-curador do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Francisco Dalcol, afirma que Pasquetti foi um artista querido, respeitado e aclamado pela comunidade artística — sendo considerado por muitos como um mestre.
— Ele é um artista fundamental, muito influente e importante para a arte contemporânea no Estado, entendida como essa produção artística que se desenvolve a partir dos anos 1960 e se fortalece nos anos 1970, questionando as convenções artísticas da arte moderna — explica. — Embora ele fosse um artista muito voltado à pesquisa em torno do desenho, a prática extrapolava as categorias mais tradicionais de desenho, pintura, gravura, escultura. Os artistas estavam interessados em outros suportes, trabalhando a questão da imagem, aspectos performáticos e também instalativos, criando objetos.
Dalcol ressalta que Pasquetti integrou uma frente de artistas que ajudaram a introduzir as práticas artísticas contemporâneas — algo ousado para o cenário daquela época.
— Ele é uma referência para gerações desde então, desde os contemporâneos dele a gerações mais recentes. É um artista de uma produção tremendamente impactante, então dá para dizer que toda uma história da arte contemporânea do Rio Grande do Sul é muito devedora à pesquisa e à produção dele — complementa.
Pasquetti deixa dois filhos, Marcelo e Camila, e a esposa Mara Rodrigues Alvares. O velório será realizado nesta sexta-feira (23), na Capela Histórica do Crematório Metropolitano, em Porto Alegre. A cerimônia de despedida ocorrerá às 18h.
A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Margs, do Museu de Arte Contemporânea do RS (Macrs) e do Instituto Estadual de Artes Visuais (Ieavi), divulgou uma nota nas redes sociais lamentando o falecimento do artista. Os órgãos fizeram uma homenagem, compartilhando obras de Pasquetti que integram o acervo do Margs e do Macrs. A Associação dos Escultores do RS (Aeergs) também divulgou uma nota de pesar, desejando força aos familiares, colegas, amigos e alunos.