Viaduto da Borges, figuras anônimas no Centro Histórico, escolas de samba e o Gre-Nal são alguns dos elementos escolhidos por oito artistas gráficos para homenagear os 247 anos de Porto Alegre. O aniversário da Capital, que é festejado nesta terça-feira (26), inspirou a realização do Live Painting, uma produção gráfica no BarraShoppingSul, neste fim de semana.
O projeto começou com a reunião dos artistas visuais Pena Cabreira, Bruno Tamboreno, Geraldo Markes, Gilmar Fraga, Gus Bozzetti, Erly Almanza, Júlio Zanotta e Caroline Veilson, que fazem parte do Atelier Errante, um coletivo iniciado em novembro de 2018 com a missão de os artistas compartilharem seus trabalhos e realizarem novos produtos visuais em conjunto. A primeira criação em grupo foi durante a quarta edição do POA Jazz Festival, com cerca de 12 obras expostas e uma Live Painting, peça formada por três telas, cada uma pintada em um dos dias do evento..
— Estamos vivendo em um mundo que pede que o artista seja mais individual, faça suas artes sozinho, e queremos dar um rompimento nesta ideia. Por isso, trabalhamos com a ideia de trabalhar um em cima da obra do outro — explica Gilmar Fraga, que também é ilustrador de ZH.
Desta vez, o coletivo precisou trabalhar com um tema específico: a capital gaúcha. Individualmente, os artistas pensaram quais símbolos representavam a cidade e, em três paineis de 1m70cm de altura por 1m70cm de comprimento, reuniram-se para a formação da composição final. Os artistas projetaram nos papéis, com o auxílio de um projetor, cada uma das figuras e pintaram “ao vivo” no corredor do centro comercial entre a última sexta-feira (22) e domingo (24).
O painel final será doado para a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, em solenidade oficial nesta terça-feira (26), e o material exposto – duas obras de cada um dos artistas – que foi vendido no shopping terá seu valor doado paro o projeto da Orquestra Villa Lobos, que atende crianças carentes na Lomba do Pinheiro.
Troca com o público
Pena Cabreira, um dos artistas do painel, usou sua relação com o Centro Histórico da Capital para se ver representado na tela.
— É um ponto de encontro de várias culturas e classes sociais e, como gosto de desenhar figuras anônimas, procurei inseri-las no cenário — conta.
Apesar de cada um ter uma propriedade, um tipo de visão de mundo, o painel final retrata um misto da arquitetura, pessoas, pontos turísticos e elementos humanos de Porto Alegre. Para Gus Bozzetti, que se inspirou no prédio da Fundação Iberê Camargo e nos guindastes do cais do porto, a troca com o público foi importante para o resultado final:
— Trabalhar com pessoas olhando é sempre um desafio. No shopping, esse desafio se multiplica, pois além de ser muita gente, são pessoas que não foram ali para ver aquilo e acabam sendo surpreendidas e querem saber o que está acontecendo. A interação com o público acaba sendo passada para a tela, pois ela muda nosso estado de atenção e até de espírito — acredita.