Localizada em um sítio em Viamão, a Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB) é um refúgio que combina silêncio, muito verde e arte contemporânea. Lá, as obras são conservadas e expostas em edifícios coloridos cercados de árvores frutíferas povoadas por pássaros. A exposição que será inaugurada neste sábado (2/9) vai aproximar ainda mais a arte da flora e da fauna local. Seu título éAã, expressão que se refere ao equilíbrio de duas partes de uma fórmula.
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Pela primeira vez na FVCB, artistas conceberam trabalhos para exibição não apenas na galeria, mas ao ar livre, partindo do convite dos curadores Munir Klamt e Laura Cattani. Antônio Augusto Bueno colheu um pomelo, criou 92 cópias em argila e as espalhou pelo pomar camufladas entre frutas reais. Alguns dos trabalhos são feitos com materiais naturais e devem se transformar com o passar do tempo, como o tapete de folhas secas idealizado por Guilherme Dable. As obras estão espalhadas pelo sítio para que, ao procurá-las, o visitante explore todo o terreno.
Em contraste, dentro da galeria, o visitante encontra um ambiente branco, ruídos artificiais e obras quase sem cor. No entanto, várias delas remetem à natureza, como Quarta-feira de Cinzas (2006), vídeo de Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander "estrelado" por formigas que carregam lantejoulas. Segundo o curador, a ideia de ecossistema está presente nas obras e na exposição:
– Tentamos criar ressonâncias. Uma forma transparece em outra forma, mas elas sempre estão meio afastadas no espaço expositivo. Cada trabalho é uma ideia que tem vida e pode ser reproduzida.
Ao todo, a mostra conta com obras de 38 nomes – entre eles, mestres que estão no acervo da FVCB, como Dennis Oppenheim, Gordon Matta-Clark, Mario Ramiro e Cildo Meireles, além de peças emprestadas de coleções, que incluem ainda fotos, litografias, pinturas, objetos e instalações. Algumas delas se comunicam com o espaço da galeria, como um vídeo animado que distorce a arquitetura do local, feito por Bruno Borne. Paulo Mog construiu uma instalação em que tinta vermelha parece escorrer do alto da parede, passando por placas de vidro até o chão (imagem abaixo). O trabalho lembra obras criadas pelos curadores Munir Klamt e Laura Cattani, que também são artistas e assinam como Ío. Não é coincidência: a dupla não tem trabalhos à mostra, mas fez o que chama de uma "curadoria mais prática do que teórica".
– Fizemos proposições que geraram obras que poderíamos ter feito, mas não fizemos – explica Munir.
FVCB INAUGURA EXPOSIÇÃO "AÃ"
Abertura sábado (2 de setembro), das 11h às 17h.
Visitação de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h30min. Entrada gratuita, mediante agendamento pelo telefone (51) 98229-3031 ou pelo e-mail educativo@fvcb.com. Até 16 de dezembro.
Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos (Av. Senador Salgado Filho, 8.450, em Viamão). No dia da abertura, a FVCB disponibiliza transporte gratuito, de ida e volta, com saída às 11h e às 14h, em frente ao Theatro São Pedro (Praça da Matriz, s/nº), em Porto Alegre. É necessário fazer inscrição pelo e-mail info@fvcb.com ou pelos fones (51) 3228-1445 e (51) 98102-1059.
A exposição: coletiva com obras de 38 artistas, realizadas em técnicas variadas. Curadoria de Laura Cattani e Munir Klamt, do duo Ío.
Preste a atenção: a FVCB também lança, no sábado, edição dupla da Revista Pomares – números 3 e 4. A publicação bilíngue documenta as atividades da Fundação entre 2012 e 2013, e apresenta reflexões de artistas, pesquisadores e outros profissionais reconhecidos na artes visuais. A publicação estará à venda por R$ 30.