Neste Dia Internacional da Mulher, apresentamos a trajetória de uma arquiteta que fez história no Rio Grande do Sul. Formada no curso técnico de Arquitetura do Instituto de Belas Artes do RS, em 1950, Enilda Ribeiro foi a primeira mulher a concluir a formação na turma de Arquitetura, que também foi a primeira do Estado, segundo notícias da época.
Ainda estudante, ela foi uma das responsáveis pelo movimento Por Uma Faculdade de Arquitetura (P.u.f.a), que originou o primeiro curso superior de Arquitetura independente no Estado, criado em 1952, na UFRGS. Em 1953, em parceria com Demétrio Ribeiro, seu companheiro, ela venceu o concurso de anteprojetos para a construção do Colégio Júlio de Castilhos (um dos primeiros prédios modernistas da Capital). Enilda foi uma das editoras da Revista Espaço, com Luis Fernando Corona, Edgar A. Graeff e Carlos M. Fayet, entre outros profissionais.
Ela também atuou como professora do curso de Arquitetura da UFRGS. Em 1964, foi cassada pelo regime militar, com Demétrio e outras personalidades da área. Nos anos de 1980 e 1981, ela foi presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Rio Grande do Sul (IAB-RS), marcando a busca pela equidade de gênero na diretoria da entidade. Bruna Tavares, copresidente do IAB-RS, destaca a importância de Enilda para a instituição:
– Eu gostaria muito de ter conversado, em algum momento, com ela sobre os desafios que foram enfrentados, tanto no IAB-RS quanto em nível nacional, onde ela articulou a construção de ideias e diretrizes para a formação de um conselho próprio de arquitetura e urbanismo.
Hoje, a diretoria do IAB-RS é composta por 12 pessoas, sendo quatro homens e oito mulheres. Os diretores são divididos em setores como administrativo, financeiro, comunicação, cultural. Além disso, a atual presidência do instituto está organizada no formato de copresidência e é composta por quatro mulheres.
Desde o começo desse ano, a equipe do IAB-RS está debruçada sobre um projeto que busca rever todo o acervo de documentos de Enilda, o qual foi doado ao IAB após o seu falecimento, em abril de 2010. São registros que mostram passagens da vida da arquiteta. O projeto tem patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o CAU.
– Ela tinha um tino para essa questão do registro. Inclusive, recortava muitas folhas de periódicos, revistas e jornais. A gente tem vários recortes da Zero Hora que a Enilda fazia. Sempre que o IAB aparecia na Zero Hora, ela recortava e guardava – destaca Bruna.