O Rio Grande do Sul tem uma história pujante no automobilismo de competição brasileiro. Nas décadas de 1940 a 1960, com as famosas carreteiras – época do automobilismo romântico, eram promovidas provas de estradas como Porto Alegre/Capão da Canoa, Porto Alegre/Passo Fundo, Encantado/Santa Cruz do Sul, entre outras competições exclusivas em circuitos dentro de alguns municípios do Interior. Na Capital também havia circuitos de rua tradicionais, como o da Pedra Redonda e o da Vila Nova, ambos na Zona Sul, e o circuito de Navegantes/Floresta, o qual utilizava a Avenida Farrapos.
Essa tradição gaúcha avançou muito com a criação de grandes e competitivas categorias como o Campeonato Gaúcho de Divisão 3, o Campeonato Regional de Turismo, a Copa Fiat de Velocidade, a Copa Corsa e a Copa Fusca, entre outras, além de estabelecer um marco histórico que é o de o RS ser o único Estado do país a ter quatro autódromos. Autódromo Internacional de Tarumã, em Viamão, Autódromo Internacional de Guaporé, o Velopark, em Nova Santa Rita, e o Autódromo de Santa Cruz do Sul.
Essa história está na lembrança e na alma dos gaúchos amantes do automobilismo. Ela passa de geração em geração, entre pilotos, preparadores e dirigentes do esporte.
Quatro amigos apaixonados por DKW: Roberto Giordani, Francisco Feoli, Horst Dierks e Oscar Leke resolveram se reunir para relembrar dos carrinhos de motor a dois tempos que fizeram muito sucesso nas pistas gaúchas. Dessa iniciativa, surgiu a ideia de se formar uma confraria de pilotos do passado. Criou-se assim, em 6 de outubro de 2001, a Confraria dos Pilotos Jurássicos do RS.
O nome do grupo surgiu numa brincadeira bem-humorada do Oscar Leke sobre a dificuldade de um dos parceiros (já eram, então, 10 ou 12) para se levantar da cadeira: “Com esses resmungos e a soma das idades que temos aqui, com certeza atingiremos a era jurássica”. Desde essa data, até hoje, ao fim dos encontros há um brinde e os confrades se despedem com um “vida longa aos jurássicos”.
O grupo convidou outros pilotos que correram de DKW, como Flávio Del Mese, Ricardo Trein, Henrique Iwers, Paulo Hoerlle, entre outros, e estabeleceu um jantar mensal de confraternização e troca de histórias. A confraria foi se solidificando e foram admitidos pilotos de outros modelos de carros que correram entre 1958 e 1983, como Clóvis de Moraes, Teodoro Janusz, João Alfredo Ferreira, José Roque Bresolin, Marcelo Aiquel, Cláudio Mueller, Moacir Rosenberg, Roberto Schimdt, César e Sérgio Pegoraro, Décio Michel, Jorge Fleck, Joel Echel, Janjão Freire, Antônio Miguel Fornari, Vitor Hugo Ribeiro de Castro. Agora, a confraria congrega não só pilotos e preparadores do automobilismo gaúcho, mas dirigentes, ex-dirigentes, antigomobilistas e empreendedores do esporte.
A confraria é dirigida pelo coordenador, apelidado de “Capo”, e um Conselho dos Fundadores com mais três membros. Desde sua fundação o Capo é Roberto Giordani. Depois, Dierks e Leke foram substituídos por Cláudio Mueller e Rudolfo Riet.
— Nossa confraria não tem estatuto, porque cada um de nós é o próprio estatuto — diz Giordani. Hoje, com mais de cem integrantes, a confraria deve aumentar o número de membros em 2023, quando assume o novo Capo, Vitor Hugo Ribeiro de Castro, pois foi aprovada a abertura de vagas para pilotos do período de 1984 até 2000. Além dos pilotos gaúchos já titulados, pilotos brasileiros receberam a honra do título: Júlio Caio Azevedo Marques, do Rio de Janeiro, e Luís Evandro “Águia” de Campos, de São Paulo, e o paranaense Pedro Mufatto.
Nesses 21 anos de existência da confraria, uma premiação exclusiva e muito seletiva, o “Capacete de Ouro”, foi concedida a seis pilotos: Francisco Feoli, Clóvis de Moraes, Carlos Heitor Beleza, Valter Soldan, Jorge Raimundo Fleck e Cláudio Ricardo Mueller.
Vida longa aos jurássicos!