Lothari Junges nasceu em Tapera (a 284 quilômetros da Capital), região do Alto Jacuí, no norte gaúcho, no dia 12 de junho de 1927. Ele tem, portanto, 93 anos. Barbeiro profissional, como foi seu pai, nessa cidade começou no ofício ainda garoto. No salão da sua barbearia, uma declaração assinada e autenticada por um escrivão distrital, devidamente emoldurada sob um vidro, atesta que ele trabalha como barbeiro desde 1941. Num outro quadro, também pendurado na parede, duas pequenas reportagens de jornal registram as datas em que ele completou 60 e 70 anos nesse trabalho.
Lothari sempre disse que encerraria sua atividade no dia 10 de maio de 2021, exatamente hoje, “quando completasse 80 anos de profissão, se Deus permitir chegar até lá”. Deus permitiu, o dia chegou, mas tudo indica que o velho barbeiro resolveu mudar de ideia, reprogramou-se e está disposto a continuar melhorando o visual dos seus semelhantes. Agora, já está falando em “continuar enquanto tiver saúde”.
Então, pelo jeito, os muitos clientes de Lothari ainda poderão contar com seus serviços por muito tempo, afinal, apesar da avançada idade, ele não toma qualquer remédio. Além disso, sua disciplina alimentar é de dar inveja e é ele mesmo quem corta a grama e poda as árvores do quintal da sua casa.
Fiel assinante da Zero Hora, ele só sai de casa após receber seu exemplar, pois, entre um atendimento e outro, aproveita para ler o jornal. É viúvo desde 2013, tendo sido casado por 62 anos com Melita T. Junges (o matrimônio foi em 1951).
O casal, de muita parceria e companheirismo, teve quatro filhos, nove netos e nove bisnetos. Uma linda família. Já viúvo, começou a fazer botes em miniatura, após um neto questioná-lo sobre qual seria a técnica para fazer um bom barco. A maneira que ele encontrou para explicar foi criar um modelo pequeno. Acabou gostando tanto do novo hobby, que já fez 80 minibarquinhos, para filhos, netos, bisnetos e amigos. Quando era jovem, também ajudava o seu pai nessa tarefa, mas com barcos em tamanho real, já que os dois adoravam uma pescaria. Outro passatempo é assistir a jogos na TV, principalmente aos do Grêmio.
Iniciou a vida profissional em um quiosque em uma praça de Tapera, onde sempre viveu e continua trabalhando até hoje, sempre com a maior disposição. Mesmo com a pandemia, seguiu seu atendimento com todos os cuidados, permanecendo em casa só quando a abertura estava proibida.
Longa vida ao seu Lothari!