Lavar a louça é tarefa necessária que nem todo mundo gosta. Mas mesmo para aqueles que não se incomodam com essa ocupação, imagino que limpar 2,3 mil xícaras de cafezinho seja um serviço exaustivo. Pois é exatamente a esse trabalho que Celso Schames, 70 anos, tem dedicado os seus dias de quarentena. Ele é, provavelmente, um dos maiores colecionadores de xicrinhas de café que existem.
As paredes do seu apartamento no bairro Jardim Carvalho, na Capital, são cobertas por estreitas prateleiras que exibem todo o seu acervo. A curiosa coleção foi iniciada há 16 anos, quando ele ganhou de uma tia, como presente, a primeira peça. Divorciado, pai de cinco filhos (três mulheres e dois homens) e avô de seis netos, Celso, um comerciante aposentado que já foi proprietário de ferragens e loja de aquários, revela que vive só. Ou melhor:
— Só eu e minhas xicrinhas.
O colecionador sempre gostou de tomar um cafezinho, embora nunca tenha tido o hábito de fumar. Ele justifica seu exagerado apego tão somente ao prazer que lhe proporciona examinar as xicrinhas, cada qual com sua história. Uma delas, de mais de cem anos, por exemplo, pertenceu à avó de um amigo. Outras trazem nomes de estabelecimentos comerciais, empresas, restaurantes, bares e cafés, alguns que nem existem mais.
Tem uma do café A Bruxa, que funcionou por anos na Rua da Praia, no centro da Capital. Outra é do extinto restaurante chinês Lokum. Tem também da Churrascaria Saci (do Inter), da Varig e por aí vai. Só de marcas de café são 80. Outras tantas são de lojas do Interior ou comemorativas a algum evento.
— Não é fácil de manter. Não deixo ninguém tocar nem cogito removê-las daqui para uma exposição, o que seria legal, mas muito arriscado — explica Celso.
Outra coleção que começou com um despretensioso presente é a de Márcio Walter dos Santos, o corretor de imóveis de 48 anos, morador de Montenegro, na Região Metropolitana. Márcio ganhou uma caneca dos pais e, a partir daí, o número de itens não parou de crescer.
— Foi o gatilho. Depois, ao viajar, eu também comprava, minha irmã me presenteava e, assim, foi tomando forma a coleção. Hoje, são 90 canecas, dos mais variados lugares, cidades e países — conta Márcio.