
Toda coleção, seja do que for, demanda dedicação, disciplina e tempo para organizá-la. Em época de quarentena, quem tem um passatempo definido, do tipo que pode ser praticado em casa, leva dupla vantagem: faz uma saudável terapia ocupacional e aproveita para colocar em dia o seu hobby. É exatamente o que vem ocorrendo com a professora aposentada Beatriz Martins da Rosa Siegmann, 75 anos, que durante muito tempo lecionou português, literatura e inglês em escolas particulares e estaduais.
Lá por 1959, quando adolescente e estudante do Colégio Farroupilha, que ainda ficava na Avenida Alberto Bins, em Porto Alegre, ela e outras colegas decidiram iniciar uma coleção de etiquetas das casas comerciais. Beatriz sempre gostou de belas embalagens e pacotes, e os mais bonitos sempre vinham acompanhados de reluzentes etiquetas.
As garotas andavam pelas lojas do centro da Capital em busca de seu objeto de desejo. Eventualmente, até trocavam alguma dupla por outra que não tinham. Alguns rótulos também foram incorporados à coleção. Com o passar do tempo, muitas desistiram, mas não Beatriz. Hoje, ela conta com 8.448 etiquetas coladas em seis álbuns que armazenam sua antiga paixão. O acervo foi sendo incrementado por doações de familiares ou de alunos que tomavam conhecimento dessa santa obsessão.
Casada, pela segunda vez, há 27 anos, com o perito criminal Joel Ribeiro Fernandes, Beatriz tem os filhos: Simone (fisioterapeuta, 51 anos), Jefferson (piloto agrícola, 50) e Daniele (veterinária, 46), além de “quatro netos biológicos e oito de coração”, como afirma. Essa canceriana se diz “organizada, caprichosa e acumuladora apenas de etiquetas”.
Um passeio visual pelas páginas dos álbuns proporciona um interessante mergulho no tempo. Ali estão nomes de casas comerciais, lojas e empresas que já não existem, mas que se conservam na memória das pessoas da faixa etária da colecionadora ou próximas disso. Certamente, essas recordações preservadas dariam uma bela publicação que seria uma retrospectiva bacana do comércio gaúcho.