No dia 1º de setembro de 1939, as tropas de Hitler invadiram a Polônia. Dois dias depois, França e Inglaterra declararam guerra ao Reich, deflagrando a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos só entrariam oficialmente no conflito em 1941, após o ataque japonês à base de Pearl Harbor, em dezembro daquele ano.
Em junho de 1939, pouco mais de dois meses antes da eclosão da guerra, portanto, Porto Alegre recebeu a visita de uma figura ilustre que, com o desenrolar das hostilidades, se tornaria ainda mais importante. Naquele inverno gaúcho, desembarcou de um avião Douglas, da Panair do Brasil, no Aeródromo de São João, na Capital, o general americano George Catlett Marshall Jr. (1880-1959).
O general Marshall, então subchefe do estado-maior norte-americano, chegou ao Rio em 25 de maio, a bordo do cruzador Nashville, à frente de numerosa comitiva militar. O Brasil, no regime do Estado Novo, mantinha boas relações com o Reich. Vários generais brasileiros do alto comando tinham afinidades com as doutrinas de guerra dos alemães. Geopoliticamente, no entanto, o Brasil não podia desconhecer o grau de seu comprometimento com os Estados Unidos e, muito menos, que a nação norte-americana, mais cedo ou mais tarde, seria inevitavelmente colhida pela propagação do conflito.
Marshall teve uma recepção de estadista na capital gaúcha, com direito a desfile em carro aberto pelo centro da cidade. Naquele mesmo ano, o presidente americano Franklin Roosevelt o nomeou chefe do estado-maior do exército, cargo que desempenhou até 1945.
Durante a Segunda Guerra, Marshall reordenou as estruturas do exército e da força aérea e montou a estratégia das operações aliadas na Europa. Selecionou Dwight Eisenhower como comandante supremo do exército aliado na Europa e coordenou, inclusive, a operação que serviu para a invasão da Normandia. Winston Churchill o chamou de “o organizador da vitória aliada”, sendo nomeado, em 1944, homem do ano pela revista Time.
Marshall, depois da vitória dos aliados, reformou-se do exército em 1945. Em 1947, nomeado secretário de Estado, preparou um plano para a recuperação econômica da Europa, devastada em consequência da guerra. Esse plano, conhecido como Plano Marshall, ajudou 16 países europeus, todos eles aliados. Em 1948, a revista Time voltou a indicá-lo como Homem do Ano.
Em 1953, recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo seu plano de ajuda à reconstrução europeia depois da Segunda Guerra Mundial. O general Marshall morreu em Washington, EUA, e está sepultado no Cemitério Nacional de Arlington.