Uma das mais importantes produtoras de cinema no Brasil foi a Cinédia, originalmente chamada de Cinearte. Idealizada por Adhemar Gonzaga e fundada, em 1930, no Rio de Janeiro, ela se manteve em atividade até 1951. Diretores como Humberto Mauro (Lábios Sem Beijos, 1930) ou Mário Peixoto (Limite, 1931), trabalharam nela. Um grande sucesso da produtora foi o filme O Ébrio (1946), protagonizado por Vicente Celestino dirigido por sua esposa, Gilda de Abreu, e escrito pelo casal. Nas comédias da Cinédia, brilharam: Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, entre outros.
Em 1941, também no Rio, foi fundada a Atlântida Cinematográfica, uma companhia de cinema que produziu, até 1962, 66 filmes, muitos deles de grande apelo popular e sucesso, conhecidos como pertencentes do gênero chamado de chanchada.
Depois da Segunda Guerra e do fim da ditadura de Vargas, São Paulo viveu um momento importante de efervescência cultural. No final dos anos de 1940, foram inaugurados o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Museu de Arte de São Paulo (Masp). Na mesma época, Franco Zampari, empresário de origem italiana, montou uma companhia teatral de alto nível, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Crescia, também, o interesse pelo cinema. Os intelectuais fundavam cineclubes e movimentavam grupos de debates.
Naquele contexto, criou-se, então, a companhia Vera Cruz de Cinema, com capital de empresários paulistas e com estúdios de mais de 100 mil metros quadrados. Zampari pouco entendia de cinema. Conhecia mais o teatro. Portanto, chamou o renomado Alberto Cavalcanti, com experiência no cinema inglês, para montar a Companhia. Cavalcanti trouxe dezenas de técnicos estrangeiros.
Após custosas produções e desavenças, Cavalcanti foi demitido em 1951. Assumiu o português Fernando de Barros, que tinha experiência no cinema carioca da época. Durante os três anos seguintes, a empresa chegou ao auge. Alguns de seus filmes circularam no Exterior e galgaram prêmios nos mais importantes festivais do mundo, como os de Cannes e Veneza. O Cangaceiro, por exemplo, estrelado pelo gaúcho Alberto Ruschel (1918-1996), faturou US$ 50 milhões e foi exibido em mais de 80 países. Alberto, no Rio, participou do conjunto Quitandinha Serenaders. Foi lá, por meio de Grande Otelo, que chegou ao cinema, estreando em 1947 no filme Este Mundo É um Pandeiro. Tornou-se um galã da Atlântida. Depois, foi para São Paulo e participou do início da Cia. Vera Cruz. Estreou em Ângela (1951). Em 1953, teve sua grande oportunidade, como Teodoro, em
O Cangaceiro, até hoje um dos maiores sucessos do cinema brasileiro. Transformou-se em astro, inclusive, internacional. Passou a escolher filmes e rodou na Argentina, nos Estados Unidos e na Espanha. Alberto Ruschel atuou em mais de 30 filmes e chegou a dirigir um, Pontal da Solidão, em 1973. Morreu, aos 77 anos, no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro.
A Vera Cruz atuou entre 1949 e 1954 e fez 22 filmes. Foi nesta produtora, que surgiu uma das mais importantes personalidades do cinema brasileiro: Amácio Mazzaropi, indiscutível campeão de bilheteria até a década de 1970.
Colaborou Renato Rosa