Ao longo da história de Capão da Canoa, até mesmo muito antes da emancipação, uma área da Lagoa dos Quadros (especificamente onde seria instalado o Parque Náutico) sempre foi utilizada pela população e consensualmente concebida como pública.
Após a emancipação, em 1982, na primeira gestão municipal (1983 a 1988), o prefeito Egon Birlem desapropriou a área, tornando-a oficialmente pública, criando o Parque Náutico. Depois de idas e vindas na Justiça, a prefeitura assumiu a área definitivamente em 2016.
Uma fogueira de interesses ainda envolve aquela região de belezas naturais e potencial turístico. Segundo o jornalista Sérgio Agra, numa crônica escrita há 10 anos para o jornal Costa do Mar & Serra, de Capão, percebe-se que as coisas são difíceis:
“Não, não é exatamente sobre o premiadíssimo filme de 1988, dirigido pelo não menos premiado cineasta Alan Parker que narra a investigação que dois agentes do FBI fizeram no Estado de Mississipi (EUA), em 1964, quando três ativistas dos direitos civis foram brutalmente assassinados.
Não, o Mississipi objeto do comentário desta coluna é a réplica dos barcos que, durante os séculos 13 e 19 dominaram as águas daquele rio americano, e que, na segunda metade dos anos 1980, numa iniciativa do prefeito de Egon Birlem, atuaram (como atração turística) navegando na Lagoa dos Quadros.”
“Navegando não mais nas imagens do Rio Mississipi, tampouco nas águas da nossa Lagoa dos Quadros, mas, sim, no universo das redes sociais, deparei com a foto, postada exatamente por Birlem, de um barco que lembrava aquelas antigas naus e que foi, curiosamente, batizado de Mississipi. Na sua inventividade e, acima de tudo, um visionário, Egon Birlem idealizara passeios pelas lagoas a bordo daquela embarcação. Moveu, como é bem de seu espírito irrequieto, mundos e fundos para concretizar o projeto que, sem sombra de dúvida seria um excelente apelo turístico... Como sói acontecer a burro/cracia, a inveja, o ciúme de muitos fizeram com que o projeto Mississipi ‘naufragasse’”, escreveu Agra.
Esse primeiro Mississipi, depois de muitos passeios pela lagoa, acabou apodrecendo sob a ponte do Rio Tramandaí. Houve um segundo barco, com o mesmo nome e finalidade, que também já não existe.
Foi bacana enquanto durou e é uma pena que o esforço despendido não tenha se consolidado nessa alternativa, que hoje seria uma opção a mais para quem aproveita as férias no Litoral.
Colaborou Sérgio Agra