A Catedral de São Pedro, na cidade de Rio Grande, primeira igreja portuguesa construída no Estado, recebeu, na terça-feira (26), um abraço simbólico da comunidade. O ato marcou o início das obras de restauração. O pároco da igreja, padre Raphael Colvara Pinto, é um dos entusiastas do projeto e mobilizou a população para o abraço à Matriz.
Com projeto do engenheiro militar Manoel Vieira Leão, a Matriz de São Pedro foi fundada em 25 de agosto de 1755, fazendo parte dos primeiros tombamentos no país. Com processo datado de maio de 1938, esse tipo de iniciativa, na época, era função do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Agora, o novo projeto de restauro se concretiza por meio da Lei Rouanet, com recursos de patrocínio da Bianchini/SA, Termasa – Terminal Marítimo Luiz Fogliatto S/A, apoio dos Supermercados Guanabara e coordenação da Ato Produção Cultural. Uma das premissas do projeto é promover a conscientização da comunidade sobre a preservação e importância histórica da catedral. Para isso, todos são convidados a acompanhar o andamento das obras.
História da igreja
Por volta de 1720, açorianos vindos de Laguna chegaram à região de São José do Norte para buscar o gado cimarrón (selvagem) vindo das Missões, possibilitando a posterior fundação do Forte Jesus, Maria, José e de Rio Grande, em 1737. Nesse ano, uma expedição militar portuguesa, a mando de dom João V, rei de Portugal, chefiada pelo brigadeiro José da Silva Paes, foi enviada com o propósito de garantir a possessão das terras situadas ao sul do que hoje é o Brasil. Em 19 de fevereiro, Silva Paes fundou o presídio de Rio Grande, uma colônia militar na desembocadura do Rio São Pedro, que liga a Lagoa dos Patos ao Oceano Atlântico. Este presídio é o Forte Jesus, Maria, José, que constituiu o núcleo da colônia de Rio Grande de São Pedro, fundada oficialmente em maio de 1737. O termo Rio Grande é uma alusão à desembocadura da Lagoa dos Patos no Oceano Atlântico, e a origem do nome do próprio Estado. Rio Grande foi, assim, a primeira povoação oficial do sul do Brasil.
Foi o general Gomes Freire de Andrade quem traçou o plano da nova povoação, determinando a construção de uma igreja, a Matriz de São Pedro. Em 1751, o povoado foi elevado à condição de vila. Em 1760, virou capital administrativa da capitania do Rio Grande de São Pedro.
Na disputa entre Portugal e Espanha pelas terras do extremo sul do país, em 1763, a vila foi ocupada pelos espanhóis por 13 anos e reconquistada pelo governo português em 1776, quando a Capital foi transferida para Porto Alegre. A Catedral de São Pedro é uma edificação pequena e sóbria, com duas torres e acesso central encimado por frontão. Com nave única e coro, tem retábulos trabalhados no altar e na capela mor. Nos fundos, a capela de São Francisco abriga o Museu de Arte Sacra da cidade.