No início deste ano, precisamente em 12 de janeiro, a coluna abordou a história da empresa Família Calhambeque, que se destaca pela restauração de relíquias automobilísticas na zona norte de Porto Alegre. Retomando o contato com Acácio Francisco de Souza, 88 anos, o fundador e, atualmente, coproprietário, junto aos filhos e netos, foi possível garimpar mais duas preciosidades que ele guarda com orgulho e carinho.
Primeiro, as fotografias de dois ônibus com laterais abertas, chamados de jardineiras, pioneiros, populares e curiosos veículos condutores de passageiros nas primeiras décadas do século passado. Um era Chevrolet e o outro, Ford, modelo T, conhecidos como mangueirinhas, pois partiam do Passo da Mangueira, atual bairro Cristo Redentor, em Porto Alegre, e seguiam até o centro da cidade.
A outra preciosidade é a Carteira de Habilitação para Condutor de Veículo a Tração Animal, expedida em setembro de 1939, uma exigência da época, devido a quantidade de carroças que circulavam na Capital. O documento pertenceu a Ismael Francisco de Souza, pai de Acácio, e remete a um tempo em que ele distribuía no Mercado Público, com suas carroças, produtos vindos de Santo Antônio da Patrulha, como melado, rapadura, vassouras e escovas, itens típicos daquela região, que chegavam em carretas até a Volta do Guerino.
Próximo dali, na Avenida Brino, 107, atual bairro Santa Maria Goretti, ficava a casa e a pequena empresa de Ismael, além de um bebedouro público especial para animais. No local, ocorria a parada dos carreteiros para que os bois descansassem e matassem a sede depois de uma longa jornada, através de Glorinha e Gravataí.
Colaboração de Guilherme Ely