Normalmente, em seus primórdios, os moinhos das nossas colônias tinham suas mós movimentadas por forças motrizes advindas de rodas d’água, de tração animal ou de caldeiras a vapor (os locomóveis); mais tarde, de motores de explosão, e, com o advento da eletricidade, de geradores elétricos.Uma inovação, no entanto, foi testada por volta de 1912 na localidade de Boa Vista, interior do município de São Lourenço (“do Sul” só seria acrescentado em 1944), situado à beira da Lagoa dos Patos, tentando-se o aproveitamento da energia eólica.
Um moinho de vento, o único na história do município, metálico, para moagem e serraria, foi comprado pela imigrante Christina Hammes (Scheer, quando solteira), responsável, após a morte do marido, o também imigrante Johann Philipp Hammes, pelos negócios da família. Montado pela firma Bromberg, filial de Pelotas, por orientação do técnico Max Degar, tinha uma altura total aproximada de 20 metros.
Sua aquisição só foi possível graças a um mutirão financeiro conseguido entre vários colonos da região. Cada uma de suas oito enormes pás era constituída por 13 palhetas individuais, móveis, que eram inclinadas de forma sincronizada, em bloco, de acordo com a intensidade do vento para regular a velocidade do mecanismo do engenho. O moinho foi importado da Alemanha e, infelizmente, funcionou por pouco tempo devido a duas razões principais.
A primeira, por um erro do engenheiro, que montou uma de suas principais engrenagens ao contrário, o que trouxe como consequência seu desgaste prematuro (peça de difícil reposição à época por causa do período pré-I Guerra Mundial, quando foram cortadas as relações comerciais entre o Brasil e aquele país, antes amigo). A segunda, devido aos ventos, que eram de uma intensidade variável naquela região, embora situada em uma altitude de 264 metros acima do nível do mar, na Serra dos Tapes, tornando o controle manual das palhetas quase impossível de manobrar, tais a frequência na troca da velocidade e a necessidade constante, diuturna, de sua vigilância.
A frustração da não realização do sonho de progresso e a vergonha pelo involuntário fracasso no empreendimento empresarial em relação aos colonos sócios causaram profunda tristeza em Christina, acelerando sua morte, que aconteceu em 13 de abril de 1914.
Colaboração de Edilberto Luiz Hammes, médico e historiador lourenciano