A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) completa hoje seus 82 anos de existência. Fundada no dia 19 de dezembro de 1935, durante o governo de Flores da Cunha (1880-1959) e no ano em que o RS comemorou o centenário da Revolução Farroupilha, essa entidade tem uma trajetória marcada por fatos relevantes e curiosos, como o ocorrido em 1941.
Eram tempos difíceis devido à II Guerra Mundial (1939-1945) e Porto Alegre estava sob o impacto da enchente de 1941, que havia atingido o ápice no mês de maio daquele ano, deixando a Capital submersa.
Nesse contexto histórico, marcado por incertezas e dificuldades, a ARI promoveu, em 9 de setembro de 1941, um evento importante, que reuniu vários artistas em uma noite de gala no Teatro Carlos Gomes. Esse encontro se constituiu num momento festivo e de descontração para os porto-alegrenses.
O espetáculo, na realidade, era em benefício da Casa do Jornalista, cuja diretoria vinha lutando, de forma exaustiva, por meio de campanha iniciada em 1938, para realizar o sonho de construir a sua sede. Aquela noite foi um sucesso!
O espírito de confraternização entre os artistas convidados e o público presente foi a força motriz. O conhecido humorista Piratini, cujo nome de batismo era Antônio Francisco Amábile (1906-1953), pertencia à Rádio Difusora e foi responsável pela coordenação desse importante encontro dos ícones da nossa música com seus fãs. As principais emissoras de rádio, como Difusora, Farroupilha e Gaúcha, cederam seus artistas para abrilhantarem a festa.
A Rádio Sociedade Gaúcha (1927) – a mais antiga do nosso Estado –, que, em fevereiro deste ano, comemorou 90 anos de existência, enviou seus talentos, entre eles Horacina Corrêa, Circinha Milano, Pedro Raymundo e Quarteto dos Tauras, Adão Carrazzoni (Bichos sem Pena), Ivan Castro, Nelson Lucena e seu Regional, Prates de Figueiredo, Sílvio Pinto, Penha Rodrigues e 4 da Hora do Estudante, Nazareth Filho, Duque de Antena e Ione Pacheco. E mais: Elab Miramar, Professor Atkinsons e seus Partenaires, Sibila Fontoura, Aarão e seu Jazz, Lídia Campos, Marino e seu Jazz, Eli Dourado com Típica de Chico Coelho e Maurice Tâmara.
Após uma incansável luta, a pedra fundamental da Casa do Jornalista foi lançada em 13 de dezembro de 1942, tendo a presença do interventor Cordeiro de Farias, que colocou a primeira pá de argamassa, e do presidente da entidade na época, Arlindo Pasqualini. O discurso oficial foi de um dos fundadores da ARI, Edgar Luís Schneider, à época reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 15 de setembro de 1944, a entidade se mudou do Edifício Imperial para a sede própria, na Avenida Borges de Medeiros, número 915.
Entre tantos outros momentos relevantes, quando a entidade completou 23 anos de fundação, em 1958, foi criado o Prêmio ARI de Jornalismo, um dos mais respeitáveis e cobiçados troféus. O prêmio foi criado pelo inesquecível presidente da entidade Alberto André (1915-2001), cuja competente gestão durou 35 anos. Neste ano, a premiação está na sua 59ª edição.
Pela primeira vez, na última quarta-feira, dia 13, a Associação Riograndense de Imprensa entregou medalhas com o nome de Alberto André para 10 destacados jornalistas durante o encontro de final de ano da entidade. Ao comemorarmos o aniversário de 82 anos da ARI, é fundamental que se registre este trecho do discurso de posse do seu primeiro presidente, o escritor Erico Verissimo (1905-1975): "Não fundamos esta associação para termos uma bandeira, um distintivo ou uma sede para a realização de festas. Os trabalhadores da imprensa se congregam para conseguir vantagens reais para a classe".
Atualmente, a ARI é presidida pelo jornalista Luiz Adolfo Lino de Souza. Sua sede se encontra no mesmo edifício, desde setembro de 1944, na Avenida Borges de Medeiros, número 915, sétimo andar, na conhecida Casa do Jornalista.
Colaboração de Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite, pesquisador e coordenador do Setor de Imprensa do Museu da Comunicação HJC (Musecom)