Desde o ano passado, o Porto de Pelotas teve um aumento de 81% na movimentação das operações. O Projeto Toras, iniciativa liderada pela CMPC Celulose Riograndense em parceria com a Sagres Agenciamentos Marítimos, mais do que incrementar a economia, trouxe novos ares para a cidade, em especial à região portuária.
As barcaças que transportam celulose de Guaíba para Rio Grande já não voltam vazias. Elas param, agora, no Porto de Pelotas para o embarque das toras produzidas em diversos municípios da região sul do Estado. Cada barcaça carregada que navega rumo ao Norte representa menos 80 caminhões rodando pela BR-116.
Paralelamente às ações estruturais, nasceu o Porto das Artes, um acordo de colaboração entre as empresas e coletivos que potencializam o caráter cultural da comunidade. São atividades em seis escolas municipais da região, com foco na formação, inclusão e cidadania de jovens e adultos da orla do porto. Entre elas, está o Porto Memória, com oficinas de história e curiosidades sobre o cais que remetem às origens e vocação da cidade. No andamento das oficinas, o arquiteto e pesquisador Guilherme Pinto de Almeida recuperou um fato quase desconhecido: na década de 1920, existiu o Mercado Regional do Porto, curioso exemplar da "arquitetura do ferro".
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Aline Montagna da Silveira, arquiteta e professora, em sua tese de doutorado (USP, 2009), fez referência a ele. No trabalho, ela pinçou, do Almanach de Pelotas para 1923, o texto do jornalista Arthur Hameister que, ao listar as obras do então intendente Pedro Luís Osório, registra: "Conclui o primeiro mercado regional no porto, cujos numerosos habitantes há muito por tal suspiravam". Após a reforma operada entre 1911 e 1914, o mercado público do centro da cidade ganhou placas que o identificavam como Mercado Central, pois havia intenção da municipalidade de dotar as zonas periféricas da cidade com mercados públicos regionais, de forma a melhor suprir-lhes as necessidades de acesso a mercadorias.
As imagens feitas pelo fotógrafo Carmelo dos Santos Lopes, para um álbum da cidade, por ocasião do centenário da independência do Brasil, permitem localizar o antigo Mercado Regional do Porto (ainda inconcluso) no mesmo local onde viria a ser edificado, em 1938, o prédio próprio da antiga Alfândega de Pelotas, atual sede do curso de Engenharia do Petróleo da Universidade Federal de Pelotas.
Colaboraram Gabriela Mazza e Guilherme Pinto de Almeida