Há exatas seis décadas, no domingo, dia 7 de abril de 1957, o avião Curtiss Commando prefixo PP-VCF, da Varig, levando 35 passageiros e cinco tripulantes, taxiou pela pista do aeródromo de Bagé e decolou. Logo a aeronave desapareceu no horizonte.
Um médico daquela cidade, chamado Jesus Olé, tinha ido ao aeroporto levar o amigo Carlos Alberto Viviano. Como também aguardava um parente que chegaria da Capital logo em seguida, demorou-se um pouco mais na estação de passageiros. Ele acabou sendo uma das testemunhas de uma tragédia.Menos de cinco minutos depois da decolagem do PP-VCF, um avião surgiu no céu e veio se aproximando, como se fosse pousar tranquilamente. As pessoas que aguardavam o voo que chegaria de Porto Alegre acharam que se tratasse desse. Estavam equivocadas. O aparelho, logo perceberam, era o mesmo que acabara de decolar e estava retornando.
Em depoimento a Joseph Zukauskas, repórter da Revista do Globo, o doutor Olé disse que o avião foi chegando normalmente, só que, subitamente, de forma brusca, tentou arremeter e ganhar altitude. A asa esquerda quebrou, soltando-se do corpo do aparelho. Desequilibrado, ele fez um giro de 180 graus e, de dorso, deslizou no solo por cerca de 200 metros, quando explodiu e se incendiou.
Muita gente correu rumo à pista de pouso para prestar socorro. Apavorados, os voluntários viram uma tocha humana emergir em meio aos destroços, afastar-se e cair no chão. Posteriormente identificado como Victor H. Bosse, esse passageiro chegou a ser socorrido, mas morreu 30 minutos depois, já no hospital. Ninguém sobreviveu ao acidente.
O fogo num dos motores teria feito o comandante Fernando Silva Leandro avisar pelo rádio que estava voltando e que tentaria pousar. No desastre, morreram, entre outros, o ex-prefeito de Cachoeira do Sul, deputado, jornalista, diplomata e então secretário da Educação do Rio Grande do Sul, Liberato Salzano Vieira da Cunha (36 anos), e sua esposa, dona Jenny Figueiredo Vieira da Cunha (35 anos). Os corpos do casal foram levados de trem para Cachoeira, onde o sepultamento foi acompanhado por uma multidão. Liberato foi, também, editor do Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, fundado em 1929. Tiveram quatro filhos: o escritor Liberato Vieira da Cunha, a professora universitária Miriam Vieira da Cunha, a jornalista Maria Bernardete (in memoriam) e o artista plástico Eduardo Vieira da Cunha.