Mocambo é uma dessas palavras que ninguém mais usa. No dicionário, ela é sinônimo de casebre, choupana, favela, ou seja, uma habitação miserável. Agora, para os mais velhos, o vocábulo talvez remeta ao selo fonográfico da Fábrica de Discos Rozenblit, inaugurada em 1954 em Recife, responsável pela prensagem de grandes sucessos musicais em nível nacional. Ao abrir, a Rozenblit anunciava uma produção de 400 mil discos de 78 rotações e LPs com a etiqueta Mocambo. Essa fábrica fechou as portas em 1983. Mas, para os "coroas" (alguém ainda usa esse termo para se referir a idosos?) gaúchos, Mocambo também lembra os velhos bailes e reuniões dançantes aqui na Capital.
O Melódico Mocambo foi um conjunto musical, formado por uma garotada de menos de 20 anos, que "estourou" e fez grande sucesso no final da década de 1950. Os meninos eram chamados de "Baldaufinhos" numa referência ao melhor conjunto da época, o de Norberto Baldauf.
"Em certo baile de 15 anos, no Teresópolis Tênis Clube, demos uma ‘canja’ no intervalo. Agradamos tanto, que o Norberto pediu para que não saíssemos do palco e continuou tocando junto...", comentou recentemente Osvaldo Alencar, que, aos 13 anos, tocava contrabaixo acústico (muito maior do que ele) no Mocambo.
O sucesso da gurizada ensejou (essa é boa) uma reportagem de quatro páginas, feita pelo jornalista Flávio Carneiro, com fotos de Thales Farias, para a Revista do Globo, matéria publicada em 17 de outubro de 1958.
Os componentes do Melódico Mocambo eram: o pianista Nicolau José Kersting (16 anos), o baterista Gabriel Krause Almeida (16), no acordeon Marco Aurélio da Silva (15), no violão elétrico Jocelyn Alencar (19, o mais velho), no contrabaixo Osvaldo Rosário Alencar (13, o mais moço e irmão de Jocelyn), o ritmista era Carlos Alberto Martins (15), o cantor Gilberto Stone Braga (17) fechava o grupo.