Os imigrantes alemães que se fixaram na antiga Colônia de Ijuhy, instalada oficialmente em 19 de outubro de 1890, também tiveram o privilégio de contar com um órgão de imprensa editado em língua alemã. Esse pioneirismo se deve ao doutor Roberto Löw, nascido em Praga, na Áustria, no ano de 1872. Ele tornou-se jurista em 1895, pela Imperial Universidade Alemã de Karl Ferdinand, de Praga, então capital do Reino da Boêmia, na época integrante do Império Austro-Húngaro. Em 1900, Roberto Löw deixou a Europa, vindo para o Brasil acompanhado de sua jovem esposa, Júlia, nascida Herock, radicando-se inicialmente em Porto Alegre.
Depois de fazer um curso intensivo de língua portuguesa, a fim de poder exercer a sua profissão de advogado, passou a acompanhar o movimento dos padres jesuítas, que lideravam os colonos na formação de uma associação de classe. Então, começou a escrever no jornal Deutsche Zeitung, dirigido pelo jornalista Karl von Koseritz, que defendia a integração dos imigrantes alemães com a pátria brasileira. Indo para o Interior, inicialmente em Serro Azul (hoje Cerro Largo) e depois Pirapó, continuou a escrever para o jornal Koseritz Deutsche Zeitung, criado pelo mesmo Karl von Koseritz. Com o falecimento deste, dois anos depois, Roberto Löw foi convidado para assumir a redação do jornal. Certamente, foi tomando cada vez mais gosto pelo jornalismo. Nos frequentes contatos com as colônias alemãs, cogitou ter o seu próprio jornal. Quando se estabeleceu em Cruz Alta, fundou o Die Serra-Post, jornal em língua alemã, cujo primeiro número circulou no dia 12 de maio de 1911. Com a inauguração da linha férrea, ligando Cruz Alta a Ijuí, em outubro daquele ano, sabendo que na Colônia de Ijuhy predominavam os imigrantes europeus, Roberto Löw decidiu mudar a sede do jornal para essa nova colônia.
Instalou-se, em 26 de janeiro de 1912, num amplo prédio localizado à Praça da República, no centro, também com uma tipografia e uma livraria. A expansão da colonização alemã no noroeste do Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina, especialmente, contribuiu para impulsionar o crescimento da empresa e do jornal.
Em 1914, Roberto Löw viajou para a Europa, acompanhado de seu filho Leopoldo, onde na Feira Gráfica de Leipzig pretendia comprar novos equipamentos gráficos. Deixou a empresa sob os cuidados de sua esposa, Júlia Löw, e seu gerente, Richard Becker. Sua permanência na Europa, programada para durar de quatro a cinco meses, teve que ser prolongada, inesperadamente, face à eclosão da I Guerra Mundial, em agosto daquele ano. Ele foi convocado para servir no exército austro-húngaro e conseguiu voltar para o Brasil somente cinco anos depois. Durante a sua ausência, o Die Serra-Post deixou de circular, devido à proibição de publicações em língua estrangeira. Porém, dona Júlia Löw decidiu não interromper a circulação do jornal, que passou a ser editado em língua portuguesa, com o nome de Correio Serrano, a partir do dia 5 de novembro de 1917.
Mais tarde, quando Roberto Löw já havia regressado, o Die Serra-Post voltou a circular, a partir de 17 de setembro de 1919, como suplemento do Correio Serrano. Também durante a nova proibição, motivada pela II Guerra Mundial, o jornal em língua alemã deixou de circular de 1941 a 1946, voltando até a sua paralisação definitiva, no dia 30 de dezembro de 1978.
Em 1928, Ulrich Löw, um dos filhos de Roberto Löw, assumiu a direção dos dois jornais editados pela empresa, além de um almanaque anual, o Serra-Post Kalender. Em 1978, o jornal passou para outros proprietários. O Correio Serrano circulou pela última vez no dia 31 de dezembro de 1988.
Colaboração de Ademar Campos Bindé, jornalista e presidente do Círculo dos Escritores de Ijuí – Letra Fora da Gaveta