No dia 14 de novembro de 1926, o Clube União de Antônio Prado promoveu uma corrida pedestre.O percurso foi de seis quilômetros, a partir da Vila Ipê – hoje município, mas, na época, 4º Distrito de Vacaria –até o centro da cidade.Os participantes foram:1) José R. Grazziotin,2) Laurindo Tergolina,3) Ernesto Ranzolin,4) Calvino Palombini,5) Guilherme R. Grazziotin,6) Mauro Castro, 7) Zulmiro Della Giustina, 8) Antonio Baggio, 9) Orozimbo Grazziotin, 10) Laurindo R. Grazziotin,11) Guilherme Rotta e 12) Altino Valmorbida. O presidente do Clube União era Luiz Marcantonio Grezzana. Início do século 20, 90 anos atrás, o traje esportivo da época, os calçados de corrida, a numeração de identificação,tudo muito especial.
O Clube União, que ainda existe e continua atuante, não funciona mais no antigo prédio, pois este foi demolido, mas continua na mesma rua, a Waldemar Mansueto Grazziotin, num terreno defronte ao anterior, e,desde sempre, nunca se restringiu a festas e bailes (famosos Carnavais) – naquela época, já tinha seu setor de esportes muito ativo. Em primeiro lugar, chegou Zulmiro Della Giustina (7); em segundo, Ernesto Ranzolin (3); em terceiro,Orozimbo Grazziotin; e, em quarto, Altino Valmorbida. Zulmiro, o grande vencedor, ganhou a medalha de ouro e fez a prova em 20 minutos e 36 segundos.
De acordo com a imprensa, “gentis torcedoras ofereceram flores e presentes aos concorrentes”. À noite, realizou-se um animado baile para celebrar o sucesso da maratona. Ernesto Ranzolin (1906-1984), tio do radialista Armindo Antônio Ranzolin e tio-avô de Cristina, era corredor, jogava futebol no Clube Atlético Pradense e se destacou ainda como um grande piloto no automobilismo. Em 1927, ano seguinte ao Raid, ele comprou, na agência do seu cunhado, Dante Mondadori,em Vacaria, o seu primeiro automóvel, um Chevrolet zero quilômetro.Utilizou o carro como táxi, um dos primeiros de Antônio Prado.
Em 1938, mudou-se com a esposa e os três filhos para a cidade de Lages, em Santa Catarina. Uma no depois, fundou sua empresa de ônibus, pioneira no transporte interestadual de passageiros, entre Lages e Caxias do Sul, com paradas em Vacaria e Antônio Prado. Em 1940,participou da prova automobilística Rio de Janeiro-Porto Alegre, promovida pelo Automóvel Clube do Brasil, e Touring Club, para celebrar o bicentenário da capital gaúcha. Entre os maiores pilotos brasileiros da época, como Chico Landi, Norberto Jung, Catharino Andreatta, e os uruguaios Hector Suppici Sedes e Ethel Cantoni,Ranzolin conquistou um brilhante segundo lugar,numa prova duríssima,sem asfalto, na poeira e no barro, com um percurso total de 2.076 quilômetros.
Em 1941, iniciou o transporte de cargas entre São Paulo e Lages. Em 1945, mudou-se com a família para São Paulo. Em 1948,sagrou-se vice-campeão da Copa Rio Grande do Sul de automobilismo. Em 1949, voltou a residir em Lages. Neste mesmo ano, participou da Grande Prova Automobilística Washington Luis, em São Paulo, vencida por Catharino Andreatta. Depois de participar de outras provas, sua última corrida foi em 1963, em Lages, aos 57 anos, com um Volkswagen 1960 alemão, obtendo o terceiro lugar.
Em 1965, foi residir em Los Angeles, Califórnia, onde já viviam quatro filhos seus. Após dois anos, retornou ao Brasil. Faleceu no dia 29 de março de 1984, em Lages, onde viveu por mais de 40 anos e onde, hoje, é nome de rua.
Colaborou Maria Claudette Rodrigues Graziottin,filha de Ernesto Ranzolin