Competições esportivas buscam a alegria da vitória. Claro que frustrações também fazem parte da trajetória de qualquer atleta, mas quando a tristeza toma conta de todos, inclusive dos rivais, como aconteceu recentemente com o acidente que vitimou os jogadores (dirigentes e jornalistas) da Chapecoense, não é por eventuais derrotas, mas sim pelo trágico destino de quem busca a glória e encontra, antes, a morte.
Guardando as proporções e levando em conta a diferença do número de pessoas envolvidas e a repercussão nos meios de comunicação da época, um drama comoveu profundamente a Capital e o Estado, no passado. Era o dia 11 de maio de 1902, quando dois barcos de regatas do Ruder Verein Germania (depois Clube de Regatas Guahyba, e que, finalmente, em 1936, adotou o nome de Clube de Regatas Guaíba – Porto Alegre – GPA) partiram de sua sede, na Rua Voluntários da Pátria.
Os botes denominados Nike e Walkure navegaram em direção à cidade de Pedras Brancas (atual Guaíba) para um treinamento em longa extensão. Nas proximidades da Ilha do Presídio, um dia que era de águas calmas e sol brilhante se transformou rapidamente num violento temporal, com ondas altas e fortes, que provocaram o naufrágio das embarcações.
Alguns remadores conseguiram nadar e se refugiaram na Ilha do Presídio, mas quatro atletas morreram afogados, para tristeza das famílias, dos clubes de remo e de toda a cidade de Porto Alegre, que ficou consternada com aquela tragédia. A cidade tinha, então, uma população aproximada de 73.647 pessoas (censo de 1900).
O GPA não esqueceu e nunca esquecerá seus quatro remadores vitimados pela força da natureza. Eram eles: Ricardo Preussler, nascido em Porto Alegre, tinha 20 anos de idade, aproveitava as horas livres do seu trabalho para a prática do esporte do remo; João Goeden, com 25 anos, era arrimo da sua família, ele conseguiu nadar, mas não resistiu à fúria das ondas e seu corpo foi encontrado na margem direita do Guaíba, perto da atual cidade de Guaíba, e, ao seu lado, um dos barcos, tipo gig, que havia naufragado. Luiz Laurent era o mais moço da equipe, tinha somente 17 anos, e Hanz Zeller, que não era gaúcho, havia nascido na Alemanha, tinha 24 anos e trabalhava como jornalista do Deutsch Zeitung.
Essa tragédia abalou o então crescente esporte do remo no Rio Grande do Sul e, a partir daquela data, os clubes proibiram que seus barcos de regatas ultrapassassem a ponta da cadeia, no Gasômetro, considerando que a partir desse ponto é extremamente perigoso para as pequenas e frágeis embarcações utilizadas para a prática do esporte do remo.
Colaboração de Álvaro Danúbio Copetti