No dia 17 de novembro de 1826, há exatos 190 anos, chegavam a Torres, no Litoral Norte, as últimas carretas com imigrantes para o estabelecimento da nova colônia alemã no Estado. A ideia era projeto de José Fernandes Pinheiro, o mesmo que havia criado a colônia alemã em São Leopoldo, em 1824. A intenção era criar um porto que facilitasse a ligação entre Porto Alegre e o Rio de Janeiro, então capital do Império. Além disso, por ali seria escoada a produção da colônia para o centro do país. Nomeado diretor do novo núcleo, o tenente-coronel Francisco de Paula Soares promoveu em junho de 1826 a seleção de algumas famílias radicadas em São Leopoldo e também de recém-chegadas, que ainda estavam na Capital.
Ao todo, eram 421 pessoas (86 famílias e 64 solteiros). Depois de contratempos, no dia 1º de novembro daquele ano, embarcados em cinco iates, os colonos seguiram para o novo destino via Guaíba e Lagoa dos Patos. Chegaram à embocadura do Rio Capivari dois dias depois e dali seguiram viagem em 16 carretas de boi até a pequena localidade "das Torres", onde as últimas carretas chegaram depois de mais de 15 dias de viagem. Enquanto aguardavam para receber os lotes de terra onde iriam trabalhar, em dezembro de 1826, receberam a visita do próprio imperador Dom Pedro I, que viajava com destino à Capital. O critério para a distribuição dos colonos foi o credo que professavam. Os 237 protestantes (luteranos e calvinistas) foram estabelecidos, em agosto de 1827, às margens do Rio Três Forquilhas, que deu nome à colônia: colônia alemã das Três Forquilhas (hoje, municípios de Três Forquilhas e Itati).
Os lotes dos 184 católicos só foram liberados em 1828, ficando entre as lagoas do Morro do Forno e do Jacaré, dando origem à colônia de São Pedro de Alcântara (atualmente, Dom Pedro de Alcântara e Morrinhos do Sul). Para que o plano de Fernandes Pinheiro desse certo, assim como o que fora feito em São Leopoldo, os colonos receberam lotes de 77 hectares (220 metros x 3,5 quilômetros), ferramentas e animais, sementes (trigo, feijão, arroz e batata), subsídios e isenção de impostos por 10 anos.
No dia 24, quinta-feira, às 19h, no Centro Cultural 25 de Julho (Rua Germano Petersen Júnior, 250), em Porto Alegre, haverá uma atividade alusiva à passagem dos 190 anos da imigração alemã no Litoral Norte e também sobre a viagem de Dom Pedro I pelo nosso Estado, com palestras de Nelson Adams Filho e Rodrigo Trespach.
Colaborou Rodrigo Trespach