Correção: a Anvisa autorizou a aplicação da CoronaVac em crianças imunossuprimidas, diferentemente do que foi publicado entre 19h12min de 13 de julho e 11h12min de 14 de julho. A informação já foi corrigida no texto.
Por unanimidade, os cinco diretores da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovaram o uso emergencial da vacina CoronaVac em crianças de três a cinco anos. A decisão foi tomada durante reunião extraordinária na tarde desta quarta-feira (13), na qual foram apresentados resultados de quatro estudos do uso do imunizante na faixa etária agora autorizada. A CoronaVac já é usada no público a partir dos seis anos.
Após a apresentação dos especialistas externos, profissionais da área técnica da Anvisa falaram sobre pesquisas do imunizante e deram parecer favorável à aplicação em crianças de três a cinco anos. "A totalidade das evidências científicas disponíveis sugere que há indicativos de benefícios a para utilização da vacina na população pediátrica", diz o material divulgado na reunião. Por fim, os diretores da Anvisa votaram e aprovaram a liberação da CoronaVac para o grupo etário.
De acordo com a agência, a CoronaVac destinada às crianças terá a mesma fórmula daquelas já aplicadas em adultos. Além disso, o esquema vacinal do público será em duas doses, com intervalo de 28 dias entre elas. A Anvisa chegou a decidir que o imunizante não deveria ser aplicado em crianças imunossuprimidas, mas voltou atrás antes do encerramento da reunião. A aplicação ainda vai depender de análise do Ministério da Saúde.
Com a autorização de hoje, a projeção é que mais de 5,9 milhões de crianças de três a cinco estejam aptas a se imunizar contra a covid-19 no Brasil, sendo cerca de 420 mil no Rio Grande do Sul. Para que a vacinação desse público comece, é preciso que o Ministério da Saúde (MS) oriente formalmente a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o que deve ocorrer nos próximos dias.
O pedido do uso para a faixa etária havia sido feito pelo Instituto Butantan em março deste ano. O imunizante está liberado para uso emergencial no Brasil desde janeiro de 2021 para pessoas a partir de 18 anos. Em janeiro deste ano, o uso da vacina foi autorizado para crianças e adolescentes de seis a 17 anos.
Para o médico infectologista André Luiz Machado, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, a liberação do imunizante para o grupo é "uma excelente notícia".
— É uma vacina que vem demonstrando segurança e eficácia nessa população, além de ter um bom perfil de segurança por ser inativada. E as crianças respondem bem a isso. É mais uma parcela significativa da população que poderá ser imunizada, com objetivo de torná-la protegida — pontua.
Para Machado, a resistência à vacinação por parte de alguns pais é esperada, mas, por ser um imunizante com mais experiência de uso, o infectologista acredita que haverá melhor aceitação por parte dos responsáveis.
De acordo com Marcelo Otsuka, infectologista pediátrico e vice-presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a decisão da Anvisa dará mais ferramentas para combater o coronavírus no país. Além disso, acrescenta que é importante vacinar crianças mesmo que os casos graves da doença nessa faixa etária sejam mais raros do que os registrados entre adultos.
— Não existe tratamento nem medicamento na pediatria para controlar a doença. Então é fundamental ter opções. Mas não tinha porque ter essa demora para a aprovação da vacina como aconteceu, já que os dados (que atestam a eficácia no grupo) haviam sido apresentados há algum tempo — pontua.
Veja como foi a reunião da Anvisa:
O uso da CoronaVac em crianças a partir dos seis anos foi aprovado pela Anvisa no dia 20 de janeiro de 2022. Em março, o Butantan encaminhou pedido de ampliação do uso para faixa dos três aos cinco anos. Desde então ocorriam trâmites para que a liberação ocorresse.
Durante o período de análise, a Anvisa contou com pareceres de especialistas externos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Em 8 de junho, especialistas externos se reuniram com a Anvisa para tratar sobre os dados de eficácia e segurança da CoronaVac para o público infantil. O grupo teve, então, até o dia 17 de junho para encaminhar um parecer sobre o tema.
Os trâmites da CoronaVac junto à Anvisa para vacinação infantil:
- 20 de janeiro de 2022 – Aprovado uso de CoronaVac a partir dos seis anos
- 11 de março – Instituto Butantan encaminha pedido de ampliação da CoronaVac para faixa dos três aos cinco anos
- 22 de março – Anvisa se reúne com especialistas para avaliar uso da CoronaVac para três a cinco anos
- 14 de abril – Anvisa conclui que dados enviados pelo Butantan são insuficientes para a decisão sobre o uso da CoronaVac em crianças de três a cinco anos
- 13 de maio - Butantan e Anvisa se reúnem para analisar os dados de eficácia da CoronaVac em crianças de três a cinco anos, mas, de acordo com a agência, as informações apresentadas não contemplam as exigências
- 20 de maio - Nova reunião entre Anvisa e Butantan discute uso da CoronaVac nas crianças de três a cinco anos. No encontro, o laboratório apresentou dados de efetividade referente a vacinação da população pediátrica no Chile, que ainda deveriam ser submetidos formalmente à avaliação
- 8 de junho - Especialistas externos se reúnem com a Anvisa para tratar sobre os dados de eficácia e segurança da CoronaVac para o público infantil. O grupo envolve representantes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Eles teriam até o dia 17 de junho para encaminhar um parecer sobre o tema
- 13 de julho - Especialistas apresentaram estudos à Anvisa sobre o uso do imunizante em crianças de três a cincos. Com as conclusões, os diretores da agência aprovaram a utilização da CoronaVac na faixa etária, de forma emergencial