Já está em vigor no Rio Grande do Sul o novo intervalo entre doses das vacinas contra a covid-19 da Pfizer e Oxford/AstraZeneca anunciado na segunda-feira (12) pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). A diminuição no prazo tem como objetivo conter o avanço da variante Delta (com origem na Índia). Por decisão conjunta da SES e dos secretários municipais da Saúde, a aplicação das segundas doses desses imunizantes deverá ocorrer em um prazo de 10 semanas.
A definição foi tomada devido à suspeita de dois casos da variante Delta no Estado. O resultado das análises deve sair até o fim desta semana. É a primeira vez que casos suspeitos dessa linhagem do vírus são observados no Rio Grande do Sul.
— Devido à grande velocidade com que os municípios estão vacinando, a gente acredita que reduzir esse intervalo é assertivo neste momento. Vai ser muito difícil evitar a circulação dessa variante no Estado — explica Tani Ranieri, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Evidências científicas mostram que apenas uma dose dos imunizantes não é capaz de impedir a ocorrência de casos associados à Delta.
Tani ainda destaca que pessoas que receberam esses imunizantes com intervalo de 12 semanas não devem se preocupar, pois já estão protegidas.
— A média geométrica de títulos, ou seja, a melhor resposta imune, não é muito diferente de 12 para 10 semanas, portanto, não traz prejuízos para quem tomou em um período maior.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa já circula por 104 países, inclusive no Brasil. A boa notícia é que os cientistas já conseguiram confirmar que as vacinas são eficazes contra a Delta. Duas doses dos imunizantes da Pfizer ou da AstraZeneca geram resposta imune contra a variante em 95%, mostrou um estudo publicado pela revista científica Nature.
Abaixo, GZH preparou um serviço explicando como funcionará a antecipação da segunda dose das vacinas da AstraZeneca e da Pfizer no RS.
Perguntas e repostas sobre a antecipação da segunda dose da vacina
Quais são as vacinas que terão a segunda dose antecipada?
Apenas Pfizer (Comirnaty️) e Oxford/AstraZeneca, que também aparece em alguns cartões como Fiocruz ou Covishield (esta última é referente às doses importadas da Índia).
No último informe técnico emitido pelo Ministério da Saúde, a pasta esclareceu que “não há incompatibilidade entre as vacinas AstraZeneca de fabricantes distintos, seja Covshield (Serum India) e AstraZeneca (SK Bioscience) ou AstraZeneca/Fiocruz. Os esquemas podem ser iniciados com AstraZeneca (D1) de um fabricante e concluídos com (D2) AstraZeneca de outro fabricante”.
A CoronaVac não sofre nenhuma alteração no intervalo entre doses, seguindo com orientação de 28 dias entre a primeira e a segunda aplicação.
Qual é o novo intervalo entre doses?
A partir de agora, o intervalo é de 10 semanas. Antes, era de 12. Destaca-se que quem já recebeu as vacinas com intervalo de 12 semanas não tem nenhum prejuízo.
A antecipação da segunda dose vale para quem já se vacinou ou só para quem tomará a partir de agora?
Segundo a SES, a orientação vale para todos os públicos, ou seja, para aqueles que já fizeram a primeira dose e para quem ainda fará.
Como será organizada essa vacinação com prazo reduzido?
Cabe aos municípios se organizar com as doses que já têm e com as novas que chegarão. Nesta quarta (14), a SES distribuirá 308.575 imunizantes Oxford/AstraZeneca para as coordenadorias regionais de saúde para antecipar a vacinação de pessoas que receberam a primeira dose há 10 semanas.
Por que houve essa redução de prazo entre as doses?
Para aumentar o número de pessoas com o esquema vacinal completo, que garante uma proteção mais robusta contra a variante Delta.
O que os fabricantes falam sobre essa mudança?
Em bula, a vacina Oxford/AstraZeneca tem indicação de administração da segunda dose em um período entre quatro e 12 semanas após a primeira aplicação.
No caso da Pfizer, a bula recomenda 21 dias de espaço entre doses, porém, o Ministério da Saúde adotou, em 3 de maio, o prazo de 12 semanas. Um estudo feito do Reino Unido mostrou que a resposta dos anticorpos foi maior dentro desse prazo.
Como sei a nova data para me vacinar?
Basta reduzir 14 dias da data prevista para a segunda dose. Por exemplo: quem tomou a primeira dose em 31 de maio, deve completar o esquema em 9 de agosto.
Preciso de uma nova carteira de vacinação para receber a segunda dose antecipada ou vale a que já tenho com a data antiga?
Não há necessidade de nova carteira de vacinação, segundo a SES. A organização da vacinação, no entanto, cabe aos municípios, que podem ter regras próprias de controle.
Há estoque para a antecipação da segunda dose?
Sim. O Estado tem estoque de Oxford/AstraZeneca, que será encaminhado aos municípios nos próximos dias. Quem recebeu as vacinas da Pfizer, quando alcançar as 10 semanas, a expectativa é de que já existam novos lotes.
Essa mudança vai interferir no avanço da imunização?
Tani esclarece que a decisão de reduzir em apenas duas semanas não deve impactar na continuidade da imunização. Segundo ela, se o Estado receber a quantidade de doses esperadas do Ministério da Saúde, a maioria dos municípios deve concluir, com pelo menos uma dose, a vacinação da população acima de 18 anos.
Qual a previsão de chegada de novos lotes de vacinas?
O Estado espera receber novas remessas nesta semana, mas ainda não sabe informar em que dia chegarão, qual o quantitativo e qual o laboratório dos imunizantes.
Parte desse novo lote poderá ser reservada para D2 (a depender de quais imunizantes serão recebidos)?
À medida em que forem recebidas orientações do Ministério da Saúde quanto à utilização dos imunizantes para primeira ou segunda dose, o Estado avaliará, de acordo com seu calendário de distribuição, qual quantitativo será reservado para D2 e qual será distribuído como D1 aos municípios.
Tomei a vacina da gripe, qual é a orientação?
Sempre respeitar o intervalo de 14 dias entre qualquer vacina.