- Governo federal orienta que todas as grávidas e puérperas só podem tomar primeira e segunda doses da vacina de Oxford após o fim do puerpério
- Medida determina que o grupo receba, a partir de agora, primeira dose apenas CoronaVac e Pfizer
- Grávidas e puérperas que já receberam primeira dose de Oxford deverão aguardar 45 dias após o parto (puerpério) para receber o reforço, mesmo que o intervalo seja maior do que os 90 dias indicados pelo laboratório
A partir desta quinta-feira (21), todas as grávidas e puérperas (mulheres que deram à luz há até 45 dias) só poderão tomar a primeira ou a segunda dose da vacina de Oxford/AstraZeneca após o fim do puerpério – ou seja, 45 dias depois do parto –, determinou na noite desta quarta-feira (19), por precaução, o Ministério da Saúde. Outra mudança é que postos de saúde deverão aplicar a primeira dose em gestantes e puérperas apenas da CoronaVac ou da vacina da Pfizer, segundo a nota técnica 651.
Gestantes com comorbidades que já tomaram a primeira dose de Oxford terão de aguardar o fim do puerpério para buscar a segunda aplicação, mesmo que a espera ultrapasse os 90 dias estipulados na bula pela AstraZeneca, confirmou a GZH a Secretaria Estadual da Saúde (SES), que segue as orientações do governo federal.
Ou seja, uma mãe que tomou a primeira dose de Oxford no primeiro mês de gestação terá de esperar toda a gravidez e os 45 dias após o parto para receber a segunda dose, a despeito do grande intervalo. O Ministério da Saúde destaca que não se deve buscar uma segunda dose de outra vacina.
Mulheres no puerpério que já tomaram a primeira dose também deverão aguardar 45 dias após o parto para receber o reforço – o que deve ocorrer naturalmente, devido aos três meses de intervalo entre as aplicações da AstraZeneca.
Grávidas que foram vacinadas por fazerem parte de outro grupo prioritário e que não necessariamente tenham comorbidades (como profissionais da saúde, por exemplo), deverão apresentar prescrição médica para receber o imunizante de Oxford.
Brasil tem 15 mil gestantes que tomaram a vacina de Oxford
A medida deve afetar mais de 15 mil gestantes que receberam a vacina de Oxford no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
Grávidas e puérperas que receberam uma dose da Oxford/AstraZeneca e que apresentarem sintomas entre quatro e 28 dias após a aplicação deverão procurar um médico. Entre os sintomas a prestar atenção, estão: falta de ar; dor no peito; inchaço na perna; dor abdominal persistente; sintomas neurológicos, como dor de cabeça persistente e de forte intensidade, visão borrada, dificuldade na fala ou sonolência; ou pequenas manchas avermelhadas na pele além do local em que foi aplicada a vacina.
O Ministério da Saúde ressalta que “o perfil de benefício/risco desta vacina é ainda altamente favorável, e deverá continuar a ser utilizada pelos demais grupos” prioritários.
Grávidas e puérperas que receberam a primeira dose da CoronaVac ou da Pfizer não sofrem nenhuma alteração e deverão tomar o reforço no prazo recomendado.
Entenda:
- Em abril, gestantes e puérperas (mulheres em até 45 dias após o parto) foram incluídas pelo Ministério da Saúde na lista de grupos prioritários da vacinação contra a covid-19 devido ao maior risco de desenvolver forma grave da doença, às possíveis consequências para o bebê e à alta circulação do vírus na população entre março e abril.
- Em 11 de maio, o uso da vacina de Oxford (e não de outros imunizantes) por grávidas e puérperas foi suspenso pelo Ministério da Saúde, após recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – tanto para a primeira quanto para a segunda dose. A medida foi adotada pelo governo do Rio Grande do Sul e por prefeituras.
- A suspensão ocorreu após o Ministério da Saúde receber a notificação da morte de uma mulher, no Rio de Janeiro, por trombose grave, que pode estar associada ao uso da vacina de Oxford. O caso ainda está em investigação.
- A gravidez é uma condição que eleva os riscos de trombose, mas o Ministério da Saúde destaca que efeitos colaterais da vacina de Oxford são raríssimos frente ao risco do coronavírus: houve uma morte entre mais de 15 mil grávidas que receberam o imunizante. Além disso, o risco de gestantes no Brasil perderem a vida para a covid-19 é 20 vezes mais alto do que para trombose.