Ao receber a notícia de que a aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac estaria liberada para pessoas com mais de 60 anos a partir desta quinta-feira (20), o psicólogo Thomas Becker, 31 anos, pegou a Kombi da família e foi para a fila do drive-thru no estacionamento da PUCRS ainda às 18h de quarta-feira (19).
O veículo foi adaptado durante a pandemia e se transformou em uma espécie de MotorHome, com cama, estante, uma espécie de cozinha e até um suporte para o tablet ser usado como se fosse uma TV.
Thomas conta que o pai já havia feito algo semelhante nos anos 1990, e decidiram repetir durante a pandemia. Adaptaram uma Kombi 1986, transformando-a em uma casa. A ideia é viajar com ela quando for possível.
— Eu vim para cá, dormi bem, vi TV, fiz café. Tudo para que minha mãe possa se vacinar.
A mãe do Thomas, dona Danitsa Panatieri Lerotic Becker, 64 anos, tomou a primeira dose da CoronaVac dia oito de abril e deveria ter tomado a segunda no início de maio.
— Eu estava monitorando. Até ontem estava 65, e imaginei que a idade dela seria contemplada logo, mas acabou abrindo para mais gente — disse.
Ele foi o segundo da fila e disse que contou para as outras pessoas que estavam no local que sua mãe chegaria mais perto da vacinação, às 9h, e todos compreenderam. Pouco antes das 8h, a fila do drive-thru da PUCRS chegava até a Avenida Bento Gonçalves.
Questionada, a Secretaria Municipal da Saúde disse que a atitude do filho é compreensível, mas que "não há necessidade de madrugar na fila", pois há doses para todos.
Por volta das 10h, o filho de Danitsa informou que a mãe conseguiu tomar a segunda dose.
Barra Shopping
No BarraShoppingSul, a estrutura montada para vacinação também tem movimento desde a noite passada. Duas filas foram formadas: uma ao lado do Jockey Club, na Avenida Diário de Notícias, e outra no pátio do hipermercado, acesso pelo Big — também na Diário de Notícias, no outro extremo da via.
A fila, às 7h, era de aproximadamente 90 automóveis. Diferentemente dos outros dois drive-thrus — na PUCRS e no Big Sertório —, a fila no Barra é maior no pátio do hipermercado do que na rua.
Pastor natural do Ceará, Antônio de Padua, 64 anos, lembra de um irmão vitimado pela covid-19.
— É com pesar pelo pastor Adair Cruz. Em memória a ele essa vacina — afirma.
Ele chegou ao local às 18h de quarta-feira (19), acompanhado da esposa, Neliana Menezes, 63.
— A gente não sabe se vai ter vacina, então chegamos ontem — explica Neliana.
Na rua desde as 6h, Beatriz Weber, 64 anos, e o marido, Ari Weber, 70, comemoraram o acesso ao shopping às 6h40min. Eles ainda deveriam esperar no pátio até as 9h, o que não parecia incomodar:
— Feliz por poder me vacinar finalmente — afirma Beatriz, que tomou a primeira dose da CoronaVac em 8 de abril.