A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que o governo brasileiro continue a aplicação da vacina de Oxford, suspensa em alguns países europeus.
A instituição concluiu que os dados "não apontam alteração no equilíbrio benefício‐risco da vacina e recomenda a continuidade do seu uso pela população", segundo nota divulgada na noite de terça-feira (16) e atualizada na manhã desta quarta (17).
A decisão ocorreu após a Anvisa se reunir com 52 representantes de autoridades regulatórias de vários países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Reino Unido e Dinamarca, e com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
"A discussão técnica apontou para a necessidade de apresentação de outros dados e o aprofundamento das investigações nos países que invocaram o princípio da precaução para suspender o uso da vacina Oxford/AstraZeneca", diz a nota.
A Anvisa destaca que, nas bases brasileiras que reúnem os efeitos adversos de vacinas, não há registros de embolismo e trombose relacionados a imunizantes contra a covid-19.
A aplicação da vacina de Oxford foi suspensa em pelo menos 15 países europeus após relatos de trombose em pessoas que receberam o produto. Dentre as nações, estão França, Alemanha, Itália e Portugal.
A suspensão foi desaconselhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela agência reguladora da União Europeia (EMA) e pela agência reguladora britânica. O argumento das entidades é de que a incidência de casos de trombose em vacinados é menor do que a média esperada para a população no geral — se o imunizante fosse a causa, a lógica é de que houvesse mais casos do que o esperado.
Entre 17 milhões de europeus imunizados, foram registrados 15 casos de trombose venal profunda (TVP) e 22 eventos de embolia pulmonar. Segundo Sue Ann Costa Clemens, coordenadora dos estudos clínicos com a vacina de Oxford no Brasil, o esperado, de acordo com a incidência média desse tipo de doença na população, era de cerca de 800 casos.
— O número de casos encontrados é infinitamente menor do que o esperado para uma população normal. Temos mais de 60 mil pessoas avaliadas nos nossos estudos clínicos controlados nos Estados Unidos, Quênia, Chile, África do Sul, Japão, Reino Unido, além do Brasil, e a incidência desses eventos foi maior no grupo que tomou placebo (que não recebeu a vacina de Oxford) do que no grupo vacinado. É seguro tomar essa vacina no Brasil e em qualquer outro país — afirma Sue.