Mesmo com a piora nos índices do coronavírus no Rio Grande do Sul, o estoque de oxigênio nos hospitais de Porto Alegre é estável, de acordo com instituições ouvidas por GZH na tarde desta terça-feira (23). Conforme as entidades, os fornecedores do produto afirmam que não há previsão de falta de oxigênio.
Nos últimos dias, o governo do RS anunciou medidas mais rígidas, na tentativa de conter o avanço da covid-19 no Estado, como a que suspende atividades em geral das 20h às 5h em todo o Rio Grande do Sul.
O reflexo do agravamento da pandemia é observado no município de Boqueirão do Leão, no Vale do Rio Pardo, onde a alta procura de moradores por atendimento no único hospital do município acendeu o alerta para a falta de oxigênio para os pacientes internados. A localidade atingiu 175% dos leitos destinados para casos da doença na segunda-feira (22).
Confira a situação dos hospitais da Capital
Associação Hospitalar Vila Nova
Na zona sul de Porto Alegre, a Associação Hospitalar Vila Nova informa que seu estoque de oxigênio está dentro da normalidade e que há controle diário do volume dos tanques, feito pela empresa fornecedora, a Air Products, para que os níveis nunca sejam inferiores a 40%. A instituição observou crescimento no consumo de oxigênio nas últimas semanas: em janeiro de 2021, o consumo médio era de 1.287 metros cúbicos por dia. A partir do dia 12 de fevereiro, passou para 2.378 metros cúbicos diários.
No início do mês, o hospital encaminhou um ofício à fornecedora, relatando preocupação com a possibilidade de aumento da demanda pelo produto. A empresa respondeu que está realizando todas as medidas de controle para evitar qualquer falta de abastecimento.
Grupo Hospitalar Conceição
A instituição afirmou que está preparada para a demanda e que tem "garantia de abastecimento por parte das empresas" fornecedoras. Ao longo da pandemia, a entidade afirma que nunca houve problema de abastecimento.
— Não há falta de oxigênio e não há previsão de falta, isso nos foi passado por nosso fornecedor. Em relação a isso, estamos seguros — informou o diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira.
Hospital Divina Providência
A instituição afirmou que o estoque de oxigênio é "estável, dentro da programação feita regularmente", e que o fornecimento se ajusta conforme a demanda. A programação é feita mensalmente e a instituição nunca registrou falta de oxigênio.
Em relação ao agravamento da pandemia na cidade, o Divina informou que os "planos de contingência já foram ajustados com os fornecedores" e que não haverá falta do produto.
Hospital Ernesto Dornelles
A entidade informou que todos os leitos possuem pontos de oxigênio e que tem contrato com dois fornecedores para o fornecimento de oxigênio. "Nos últimos 30 anos, não houve qualquer intercorrência no abastecimento de oxigênio", afirmou a instituição em nota.
O hospital disse ainda que possui um ventilador mecânico para cada leito da Unidade de Tratamento Intensivo. A entidade afirma, no entanto, que o "limitador" no local não é a quantidade de respiradores, mas a capacidade instalada de leitos.
"Nas últimas semanas, com o novo aumento dos casos de covid-19, a UTI está atendendo perto da sua lotação máxima. Por esse motivo, o Serviço de Emergência está com o atendimento restrito desde quinta-feira."
Hospital São Lucas da PUCRS
A entidade se manifestou por meio de nota: "Em relação ao abastecimento de oxigênio no Hospital São Lucas da PUCRS, a instituição informa que o estoque está dentro da normalidade e a necessidade do abastecimento é medida eletronicamente. Percebe-se que houve um aumento da demanda e não há sinalização de falta de fornecimento por parte da empresa contratada."
Santa Casa de Misericórdia
A Santa Casa de Misericórdia informa que está operando em seus padrões normais de trabalho e abastecimento, não havendo risco de faltarem insumos como oxigênio, EPIs, anti-inflamatórios e anestésicos. A empresa que fornece oxigênio ao hospital há 20 anos é a Air Liquide, que faz reposições diárias do produto. Há também backups internos do sistema de abastecimento de oxigênio que tornam "improvável" a hipótese de desabastecimento, afirma a instituição.
Hospital de Clínicas
O hospital informou que conta com dois tanques de oxigênio e um total de quase 50 mil metros cúbicos e que o controle de consumo é realizado por um sistema informatizado compartilhado entre o hospital e o fornecedor. "O abastecimento de oxigênio ocorre em média três vezes na semana, mas podendo ser em tempo menor a depender do consumo", diz a instituição.
"O estoque atual é suficiente para uma autonomia de em torno nove dias no consumo atual. Porém, há abastecimentos previstos durante a semana, não corre-se o risco de esgotamento. Nos últimos anos o hospital ampliou a capacidade com a instalação de um tanque adicional, proporcionando mais segurança. É realizado acompanhamento contínuo do consumo/estoque e mantendo reuniões de controle com a empresa fornecedora."
Hospital Mãe de Deus
"Todos os setores da instituição estão abastecidos com cilindros de oxigênio. Com o aumento da demanda nas duas últimas semanas, ocorreu a revisão da quantidade a ser mantida nestes setores a fim de atender aos pacientes de forma mais ágil. Em nossa central de abastecimento, mantemos estoque de segurança com mais 10 cilindros de aço para o caso de situações de emergência. A quantidade de oxigênio é suficiente para atender a capacidade total da instituição. Nos últimos dias, a média de aumento da demanda foi de quatro cilindros ao dia. Diariamente recebemos reposição de cilindros de oxigênio, em média de 15 a 19 cilindros por dia. Estamos mantendo mapeamento do quantitativo de todos os cilindros da instituição, e o monitoramento diário 24 horas por dia da posição de cilindros disponíveis para troca".
GZH também entrou em contato com os hospitais Moinhos de Vento, mas a assessoria informou que a instituição "prefere não se pronunciar sobre o assunto".