O agravamento da pandemia de covid-19 já se reflete em outros serviços de saúde de Porto Alegre. Referência das diferentes regiões da cidade, os pronto-atendimentos (PAs) registram longas filas de pessoas que sentem sintomas da doença e precisam de ajuda.
A reportagem de GZH circulou por três dos quatro PAs da Capital e viu situação semelhante: filas, espera de mais de duas horas e até pessoas sendo mandadas embora sem atendimento porque estão com sintomas leves.
Na Unidade de Pronto Atendimento Moacyr Scliar, na Zona Norte, Maria Teresa Bezerra, 66 anos, relatava dores na barriga e no corpo e apresentava febre. Ela testou positivo para covid-19 e se recuperava em casa, mas viu seu quadro se agravar. Ao chegar no posto, por volta das 7h, ouviu que o atendimento estava restrito.
— Falaram que não tem atendimento, que isso aqui é da própria doença. Disseram para eu tomar soro em casa porque aqui não iam atender de jeito nenhum — contou.
Ao lembrar que também foi ao Hospital Conceição e não recebeu atendimento, ela se emociona:
— Estou mal, muito mal. Trabalho para ser escorraçada, ouvir vai embora? É um sentimento de revolta.
Já no postão da Bom Jesus, na Zona Leste, a fila percorria toda a área de entrada e chegava a ir para a rua. Havia pessoas sentadas no meio-fio, com semblante abatido. Sob o sol forte, algumas tossiam e passavam a mão no rosto, claramente desconfortáveis.
Na Lomba do Pinheiro, 50 pessoas esperavam por volta das 10h. Entre elas, idosos estavam aglomerados sob uma tenda e reclamavam da falta de orientação.
Coordenador de urgência da Secretaria Municipal de Saúde, Diego Fraga admite que o momento é difícil e a pandemia disparou nas duas últimas semanas. Ainda assim, pede que as pessoas procurem os postos de saúde.
— A gente tem a classificação de risco, e quem é classificado como verde ou azul (risco baixo), aguarda até que não tenha pacientes mais graves na frente. Então o que a gente orienta é que quem tenha sintoma leve e tem o (exame para covid-19) PCR positivo é de que fique em casa — afirmou.
Segundo Fraga, há 20 postos de coleta de testes na cidade.